Pedro Passos Coelho não baixa a fasquia: “Partimos para as eleições autárquicas para as ganhar.” Na intervenção inicial no Conselho Nacional do PSD — que não era aberta à comunicação social desde as eleições europeias de maio de 2014 — o líder social-democrata considera que, no caso de Lisboa, não podia ter sido discutida na Comissão Política de “uma forma mais intensa e mais forte o nome de Teresa Leal Coelho, uma candidata para poder ganhar.

O líder do PSD arrancou aplausos dos conselheiros do PSD ao não atirar a toalha ao chão e ao enviar recados aos críticos internos. Passos visou as pessoas que “têm o convencimento de adivinharem o resultado das eleições” e que já definiram que os resultados do PSD ” vão ser maus”. E a esses mandou um aviso: “Gostava de dizer aos de dentro e aos de fora, que estamos nestas eleições com os pés assentes na terra e estamos convencidos que vamos ter um bom resultado eleitoral”.

Mas para Passos — que afirmou que, tal como em Lisboa, conseguiu uma “boa candidatura no Porto [Álvaro Almeida]” — uma eventual derrota nas autárquicas não será dramático. “Não somos os que amuam e têm fitas. Aceitamos o resultado das eleições, ao contrário de outros”, afirmou. O líder do PSD garantiu ainda que do concelho “mais pequeno” ao “mais urbano” as “escolhas foram feitas para ganhar”. E reitera o aviso à esquerda e aos críticos: “Não há eleições ganhas à partida.” Admitiu depois que “há 15 ou 20 casos a ultimar.”

Teresa Leal Coelho: “Dentro de meses serei presidente da câmara”

A dupla audição de Carlos Costa fez com que Teresa Leal Coelho tivesse chegado ao Conselho Nacional do PSD, que começou às 21h30, já depois da meia-noite. Já perto da uma da manhã, a vice-presidente do PSD — que o líder do partido tinha elogiado horas antes perante os conselheiros — fez a sua primeira conferência de imprensa como candidata à maior câmara do país, garantindo que tem “um bom projeto para Lisboa” que será “concretizado quando for presidente.” E, quanto a isso, diz confiante: “Dentro de meses serei presidente da câmara de Lisboa”.

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Teresa Leal Coelho começou a conferência precisamente por justificar que só chegou ao VIP Executive Villa Rica Hotel, na avenida 5 de outubro em Lisboa, porque esteve “sete horas numa reunião do governador do banco de Portugal, depois de oito horas de trabalho.” Vice-presidente do PSD, presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa no Parlamento, vereadora em Lisboa e agora candidata. Teresa Leal Coelho não se tem conseguido desdobrar e teve mais ausências que presenças no executivo para o qual agora se candidata. Mas não considera isso um entrave. “Já compatibilizei a tarefa de deputada e de candidata a deputada”, exemplificou.

Quanto ao projeto para a cidade, define como objetivo “trabalhar para as pessoas, que aqui vivem, que aqui trabalham”. Quer ser presidente de um município que “acolha os turistas, mas que defina a prioridade nas pessoas que aqui vivem, que aqui trabalham, que aqui investem”.

Teresa Leal Coelho explicou que de nada vale uma “cidade embelezada, mas sem infra-estruturas”. E deixou críticas a Fernando Medina: “Não queremos manhã em que as pessoas acordem sobressaltadas com uma derrocada, com a queda de viaduto. Não queremos uma cidade em que um caneiro impeça a circulação automóvel.”

A candidata do PSD defende ainda uma cidade desburocratizada, em que os investidores não tenham de esperar tanto por um licenciamento. Confessou ainda que recebeu o programa elaborado por José Eduardo Martins antes do almoço que teve com o antigo vice-presidente da bancada social-democrata na última quarta-feira. “José Eduardo Martins está muito motivado para colaborar com esta campanha”, adiantou, embora tenha ressalve que o documento terá “muitas alterações” que vão resultar do seu contributo.

Quanto a equipa de candidatos a vereadores, explica que os divulgará “oportunamente”, mas antecipa que será uma “equipa de gente com muita qualidade, gente profissionalizada, que não se vai servir da política, mas servir a política.”

O absurdo de Dijsselbloem e a ironia da “feira de Gado”

E se Passos fechou a intervenção — como habitualmente a rondar os 40 minutos –, a prestar contas sobre autárquicas, abriu-a a falar do contexto europeu e das polémicas declarações de Jeroen Dijsselbloem. O líder da oposição considera que a “reação sentida em Portugal às declarações do presidente Eurogrupo foi um sinal positivo” para a forma como os portugueses olham para a “responsabilidade” dos líderes europeus.

Passos considera que “reduzir à caricatura de mau gosto [de Dijsselbloem] os problemas que existem na zona Euro é um absurdo. Mas mais absurdo é alguém que tem estas responsabilidades ter este tipo de declarações”. O líder do PSD destaca, no entanto, que “não deixa de ser uma ironia que o mesmo ministro que se referiu à concertação social como uma feira de gado, tenha chamado a atenção para as declarações do ministro holandês.” Ainda assim, no fim do dia, Passos gostou da atitude do Governo de Costa: “Congratulo-me com a posição do Governo português.”

Pouco depois, Passos criticou a “procura quase doentia [do Governo] em encontrar um bode expiatório, sempre que acha necessário justificar uma coisa que não seria justificável aos olhos dos portugueses”. Para o presidente do PSD, o que o Governo de Costa tenta operar é uma “reescrição da História”. Voltou também lembrar que venceu as legislativas, recordando que, “em 2011, o PS quis sair rapidamente do Governo”, mas, “em 2015, apesar de não ter conseguido vencer as eleições, quis ir rapidamente para o Governo.”

“Escandalosamente elevado” valor dos juros que CGD vai pagar

O líder do PSD, voltou a criticar a taxa de 11% que a Caixa Geral de Depósitos vai pagar. O líder do PSD explica que, à partida, “dificilmente alguém deixaria de considerar este valor elevado”, mas acrescenta que ele é mesmo “escandalosamente elevado.”

Recorde-se que a CGD emitiu esta quinta-feira 500 milhões de euros de dívida perpétua junto de investidores institucionais, a uma taxa de juro de 10,75%, segundo fontes ligadas ao processo citadas pela agência Bloomberg.

Passos Coelho acusou ainda o Governo de “hipocrisia” de “cinismo político”, já que quando o PSD estava no Executivo e se assumiu um compromisso “que previa o encerramento de balcões e a redução de balcões” era um “sinónimo de que o PSD queria enfraquecer o banco público para o privatizar”. No entanto, “agora, que o Governo deu indicações nesse sentido, já diz que é porque [o Governo PSD/CDS] não fez o que devia.” Passos admitiu, porém, que o PSD não está “contra a ideia de que é preciso reestruturar a CGD.”

O presidente do PSD voltou a sugerir que a responsabilidade das dificuldades na Caixa é dos socialistas. E questiona:

O primeiro-ministro diz que era era importante reconhecer as imparidades no passado? Quais imparidades? As que resultaram do mau crédito concedido quando os governos socialistas estavam no Governo?”

Passos disse mesmo que “se é preciso meter dinheiro na CGD foi por crédito concedido de forma arriscada”, o que aconteceu no tempo dos Governos socialistas.”

Artigo atualizado às 01h25 com declarações de Teresa Leal Coelho