Mal assumiu a presidência, Donald Trump avisou que ia abandonar a política de redução de energias poluentes e regressar às perfurações de petróleo e gás de xisto. Agora, o presidente dos Estados Unidos assinou esta terça-feira o decreto que anula o Plano de Ação para o Clima de Barack Obama – e impõe a sua Ordem Executiva da Independência Energética.
De antemão, a Casa Branca explicou aos jornalistas que o objetivo de Trump é “recuperar a independência energética” do país e abandonar “políticas que ponham a economia em risco”, como as implementadas pela anterior administração durante a sua “guerra contra o carvão”.
“O presidente considera que grande parte dessa regulação não ajudou a indústria”, disse ontem um assessor para a política ambiental de Trump, que por várias vezes afirmou que o aquecimento global é um embuste. “Ele fez uma promessa à indústria do carvão e vai fazer o que puder para ajudar aqueles trabalhadores.”
A decisão de seguir numa direção “muito diferente” no que diz respeito ao ambiente deve colocar em risco os compromissos assumidos pelos EUA, com a assinatura do Acordo de Paris, em Dezembro de 2015, juntamente com outros 194 países – e também o próprio acordo em si (que substituiu o Protocolo de Quioto), dado este incumprimento unilateral.
As mudanças, apesar de drásticas, não vão acontecer já. A Agência de Proteção Ambiental será a partir desta terça-feira encarregue de redigir novas normas de funcionamento para as centrais elétricas alimentadas por energias fósseis como o carvão – as atuais foram implementadas pela administração Obama para reduzir em 30% até 2030 as emissões de gases poluentes para a atmosfera.
Outro documento que o atual presidente vai rever é o Plano de Energias Limpas, implementado por Barack Obama com forte oposição do Partido Republicano. “Com a tecnologia de carvão limpo, a energia nuclear e até com as renováveis, é possível dar uma resposta às alterações climáticas sem prejudicar a economia”, disse o mesmo assessor.
Com a Ordem Executiva da Independência Energética, as agências governamentais norte-americanas deixam também de ser obrigadas a considerar as consequências ambientais de novas medidas e regulações, e a moratória imposta sobre futuras explorações de petróleo em terrenos federais será levantada. O fracking, técnica controversa que usa a fraturação hidráulica de terrenos para que possam ser extraídos combustíveis como gás ou petróleo do subsolo, vai igualmente deixar de estar limitado.