O presidente da concelhia lisboeta do PSD, Mauro Xavier, pediu a demissão a dois meses do final do seu mandato e cerca de um mês depois de o partido liderado por Pedro Passos Coelho ter anunciado a candidata à Câmara Municipal de Lisboa.

A decisão foi tomada apesar de saber “que tinha todas as condições políticas para continuar” no cargo, refere o social-democrata numa carta aos militantes do partido, divulgada pela TSF. Fernando Seara, que presidia à mesa da assembleia, também se demitiu, avança o Expresso.

Mauro Xavier garante que bate a porta, mas não por ter “uma visão catastrófica” das eleições autárquicas: “temos todas as possibilidades de vencer estas eleições. Mais do que isso. Temos o dever e a responsabilidade histórica de vencer estas eleições”, mas por acreditar que a candidata à câmara da capital, Teresa Leal Coelho, e o líder do PSD, Passos Coelho, “devem ter toda a liberdade para tomarem as decisões que entenderem, como entenderem e quando entenderem”.

Pouco tempo antes de o nome de Teresa Leal Coelho ser anunciado oficialmente, o presidente da concelhia utilizou a sua página de Facebook para mostrar o seu “profundo desagrado com a metodologia escolhida” na escolha da candidata “e pelo não envolvimento da concelhia no processo”.

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Ainda assim, Mauro Xavier não deixa de lançar farpas, acusando Teresa Leal Coelho de se ter recusado “expressamente e publicamente dialogar ou reunir com a estrutura do PSD em Lisboa”. “A última coisa que desejo é que os militantes de Lisboa, ou a sua concelhia, sejam uma espécie de obstáculo, ruído de fundo ou pretexto. E também não é agora que vou aprender a participar politicamente sem dizer o que penso”, acrescenta.

O social-democrata termina a carta dizendo que irá participar na campanha da candidata à Câmara de Lisboa. “Sou social-democrata. Acredito no meu partido e nos seus quadros. E é como social-democrata, como militante de base, com esse dever e sentido de responsabilidade, que participarei na campanha que agora começa”.

Segundo a TSF, a demissão de Mauro Xavier será explicada hoje, quinta-feira, durante uma reunião da concelhia.

Mauro Xavier justifica demissão com “divergências estratégicas e programáticas”

Em declarações à Lusa, o presidente da concelhia de Lisboa do PSD justificou a sua demissão com “divergências estratégicas e programáticas” relativamente às eleições autárquicas para Lisboa e considerou que “este não é o projeto que faria sentido” para a capital.

A demissão “prende-se sobretudo com divergências estratégicas e programáticas e, já que existe essa divergência, temos de respeitar os órgãos. É tempo de o partido se manter unido. Decidi sair porque acho que é o melhor serviço que faço ao partido”, acrescentou Mauro Xavier, que desde o início manifestou discordância relativamente ao processo de escolha do candidato social-democrata à Câmara de Lisboa.

Sublinhando que o combate se deve centrar “na oposição ao Fernando Medina e não nas divergências internas do PSD”, Mauro Xavier explica que a sua demissão “não tem que ver nem com a forma como o nome foi escolhido, nem com o nome em si próprio”.

“Eu entendia que já deveríamos ter candidato a um ano antes das eleições e temos um candidato a seis meses das eleições”, afirmou, lembrando que as divergências têm que ver “com a discussão do programa que irá ser apresentado à cidade e com o contributo que o PSD de Lisboa possa ter nesse processo”.

Mauro Xavier mostra-se disponível para “colaborar enquanto militante base” e diz que “enquanto presidente [da concelhia] não faz sentido”.

“Se eu não concordo com o calendário, não concordo com a estratégia não faz sentido liderar a ação no terreno”, conclui.