O presidente reeleito da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Jorge Ascensão, afirmou hoje que a “Baleia Azul” não é um jogo, mas sim “uma aplicação atentatória” da saúde mental e física de crianças e jovens.

Em declarações à Lusa em Cabeceiras de Basto, à margem da Assembleia Geral da CONFAP, em que foi reeleito presidente, Jorge Ascensão acrescentou que o surgimento da “Baleia Azul” vem reforçar a necessidade de os pais acompanharem os filhos quando eles “navegam” na internet.

“Baleia Azul não é um jogo. Temos de parar de chamar a isto um jogo”, referiu, considerando tratar-se de uma aplicação atentatória da segurança física e mental de crianças e jovens e que, “ainda por cima, convida, no limite, ao suicídio”.

Para Jorge Ascensão, trata-se de uma iniciativa promovida por alguém, “provavelmente, num estado de espírito desequilibrado e louco”.

“Não sei que gozo é que isso traz, mas também ninguém percebe o gozo de muitos atos de terrorismo e outros que, por vezes, os cidadãos cometem”, referiu.

Por isso, o presidente da CONFAP apela aos pais para acompanharem de perto os filhos quando eles estão na internet e para pedirem ajuda, caso notem algo de anormal ou de estranho.

Na sexta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu atribuir ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) a direção da investigação e exercício de ação penal de todos os inquéritos relacionados com o jogo da “Baleia Azul”.

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Numa nota enviada à agência Lusa, a PGR adianta que esta decisão surgiu “na sequência da análise e recolha de elementos relativos ao designado jogo da ‘Baleia Azul’ e face à gravidade das respetivas consequências, da sua repercussão social e da especial sensibilidade e complexidade de que se reveste a investigação”.

A PGR adianta que nestas investigações, o Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3) da Polícia Judiciária, “num trabalho de estreita colaboração acordado entre as duas entidades”.

O jogo “Baleia Azul” terá começado numa rede social da Rússia, onde suicídios de mais de uma centena de jovens podem estar relacionados.

Também já foi associado a casos de suicídio de jovens no Brasil.

Em Portugal, um adolescente de Sines foi recentemente transportado para o Hospital de Setúbal por cortes num braço, que fontes dos bombeiros e da GNR relacionam com o “Baleia Azul”.

O jovem de 15 anos “desenhou” uma baleia num braço com um objeto cortante, uma das tarefas do jogo, disse à Lusa fonte dos bombeiros.

Este caso foi comunicado ao Tribunal de Família e de Menores e ao procurador de Família e de Menores de Santiago do Cacém.

Na terça-feira, uma adolescente deu entrada no Hospital de São João, no Porto, com “sinais de automutilação” e a Polícia Judiciária está a investigar o caso, suspeito de estar relacionado com o jogo “Baleia Azul”.

Outra situação foi a de uma jovem de 18 anos, que foi assistida pelos bombeiros de Albufeira, Algarve, na semana passada, num caso também alegadamente relacionado com o jogo.

Entretanto, o Ministério Público tem em curso três inquéritos, nas comarcas de Setúbal, Portalegre e Faro, relacionados com o jogo na Internet “Baleia Azul”, que estimula a automutilação e o suicídio.