Foi bonita, a festa. E longa: 48 horas depois do apito final de Jorge Sousa que carimbou a goleada ao V. Guimarães e respetivo tetracampeonato, milhares e milhares de pessoas voltaram a sair às ruas da capital para homenagearem os jogadores do Benfica, que ao final da tarde foram recebidos na Câmara Municipal de Lisboa. A seguir, partiram para o jantar de celebração do clube, num ambiente mais reservado e com famílias. Parece final de época mas não: ainda há dois jogos por realizar, um deles na final da Taça de Portugal, no Jamor, de novo com os vimaranenses.
No sábado, a festa foi feita com camisolas do tetra, de ténis e calções; hoje, prolongou-se mas de fato, gravata e sapatinho bem engraxado. A partir de amanhã, ou de quarta-feira (se Rui Vitória der folga), voltam as chuteiras: nos próximos 12 meses, e depois do tetra, há cinco objetivos para alcançar. E um é o pentacampeonato, claro.
A dobradinha na Taça de Portugal
O ano de 2005 trouxe uma grande lição ao Benfica: a semana após a conquista do Campeonato no Bessa, na última jornada, foi marcada por festas, festejos e alguns excessos. Demasiados. Uma semana depois, na final da Taça de Portugal, Giovanni Trapattoni não conseguiu travar essa onda de euforia após a quebra de 11 anos de jejum sem o principal título e o V. Setúbal consegui mesmo surpreender os encarnados. Até 1987, as águias conseguiram um total de nove dobradinhas, épocas em que juntaram a Taça ao Campeonato. Daí para cá, apenas por uma vez alcançou o feito, em 2014, quando os comandados de Jorge Jesus venceram todas as provas nacionais. A 11.ª dobradinha é o objetivo imediato e que, caso se torne uma realidade, coloca Luisão em igualdade com Nené, como os dois jogadores com mais troféus conquistados pelo Benfica: 19.
Para Rui Vitória, essa será a segunda presença no Jamor. E ganhou na primeira, em 2013, quando orientava o V. Guimarães e bateu por 2-1 na final… o Benfica.
Como fazer milhões mantendo a competitividade no plantel
É uma inevitabilidade: o mercado vai mexer para os lados da Luz. No ano passado, após a conquista do tricampeonato, Renato Sanches, Gaitán e Gonçalo Guedes (este em janeiro) foram as três jóias que mais contribuíram para um número recorde de receitas na alienação de jogadores: 120 milhões.
Para esta temporada, não existem valores pré-definidos como meta, mas há dois grandes objetivos, da parte de Luís Filipe Vieira e da SAD, fazer prevalecer o atual momento desportivo dos encarnados e continuar a bater recordes de vendas. Do lado de Rui Vitória e restante equipa técnica, resta encontrar soluções para os jogadores que possam sair. Venham elas de fora (Cervi, Carrillo, Zivkovic ou Rafa reforçaram as opções para as alas na presente época) ou de dentro, como aconteceu com a adaptação de Pizzi no lugar de Renato Sanches que valeu ao jogador o título de um dos melhores da Liga. Lindelöf está entre os mais cobiçados pelos grandes clubes da Europa.
A histórica revalidação da Supertaça
O Benfica é a equipa com mais Campeonatos (36, contra 27 do FC Porto), com mais Taças de Portugal (25, contra 16 de Sporting e FC Porto) e com mais Taças da Liga (7, contra apenas 1 de V. Setúbal, Sp. Braga e Moreirense). Só na Supertaça o cenário é diferente, com os encarnados a somarem apenas seis troféus contra 8 do Sporting e 20 do FC Porto. Também por isso, a conquista da prova que abre o calendário futebolístico de 2017/18 é um dos objetivos dos responsáveis do clube, que ambicionam, pela primeira vez na história, ganhar o troféu em dois anos consecutivos, algo que nunca aconteceu (os triunfos foram em 1980, 1985, 1989, 2005, 2014 e 2016).
A passagem na fase de grupos da Champions
Luís Filipe Vieira já assumiu publicamente que gostava de conquistar um troféu europeu no futebol. Esteve perto, em 2013 e 2014, quando os encarnados perderam a final da Liga Europa frente a Chelsea e Sevilha, respetivamente. Esse não deixou de ser um objetivo, mas, por razões financeiras e de prestígio, todos perceberam que a Liga dos Campeões é mesmo “a” prova europeia. Por isso, o Benfica parte para a nova temporada com um objetivo também ele histórico: somar a terceira passagem consecutiva da fase de grupos e entrar, pelo menos, no lote dos 16 melhores da Europa, algo que nunca aconteceu neste novo formato de Champions, na década de 90.
O inédito pentacampeonato
O Benfica tentou e falhou, por cinco vezes, o tetracampeonato. Equipas que tinham Eusébio, Simões, José Augusto, Torres, Coluna e tantos outros não conseguiram mais do que três títulos consecutivos. Agora que o tetra chegou, o objetivo é aquele que já se viu esta tarde, na Câmara, numa tarja levantada ao fundo da Praça do Município: rumo ao 37. E se é verdade que Sporting e FC Porto já tinham conseguido quatro Campeonatos consecutivos, só os dragões venceram o penta, em 1999, com Fernando Santos no comando. A partir daí, a equipa com mais Campeonatos em Portugal alcança o único recorde que tem ainda em falta.