Vamos acreditar que não há nenhum português que tenha Cristiano Ronaldo numa equipa que esteja a jogar a final da Champions e torça pelo adversário. Nem interessa se é o Real Madrid ou outro: agora que estamos cada vez mais nesta onda patriótica onde nos apoiamos uns aos outros para ganhar, seja com a bola nos pés ou de voz lá no alto, cada ganha um dos nossos, ganhamos todos. Mas isso não invalida que exista um outro lado da moeda. Romântico, puro, respeitador, honroso. E esse foi o lado que nos deixou tristes com mais uma derrota de Gianluigi Buffon.
O número 1 da Juventus é mais do que isso, o número 1 da Juventus. É o número 1 de Itália. O número 1 da Europa e do Mundo. Provavelmente, um forte candidato a integrar o top-10 dos melhores números 1 de sempre. E é o número 1 pelos princípios, pelos valores e pelo respeito que faz com que seja um dos jogadores mais respeitados da atualidade. Aos 39 anos, já leva mais de 1.000 jogos oficiais entre Parma, Juventus e seleção italiana. Foi campeão do Mundo, esteve numa final do Europeu, foi terceiro na Taça das Confederações. Entre Campeonatos, Taças, Supertaças e Taça UEFA (uma), soma mais de 20 títulos. Só nunca ganhou a Champions. E assim continua.
Em 2003, frente a um AC Milan que contava com Rui Costa (além de Seedorf, Shevchenko, Inzaghi, Pirlo, Gattuso ou Rivaldo, entre outros), perdeu a primeira final da Champions nas grandes penalidades por 3-2, após o empate a zero nos 120 minutos, mesmo travando duas tentativas (Dida defendeu três). Em 2015, contra o Barcelona de Messi, Neymar, Suárez e companhia, foi derrotado por 3-1. Como não há duas sem três, perdeu hoje frente ao Real Madrid, por 4-1. A Juventus confirmou o estatuto de equipa com mais derrotas em finais da Taça dos Clubes Campeões/Liga dos Campeões, sete. Quase metade, três, aconteceram durante o reinado de Gigi.
Mas há mais estrelas do futebol mundial que nunca ganharam a prova. Tantas que dá para fazer um ‘onze’. Com Buffon, o eterno Buffon, a titular numa equipa cheia de títulos mas sem Liga dos Campeões: Lilian Thuram, Fabio Cannavaro, Tony Adams; Matthäus, Nedved, Roberto Baggio; Maradona, Van Nistelrooy, Ronaldo e Ibrahimovic.
