A declaração automática do IRS vai alargar-se em 2018 a casais com filhos, adiantou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, que afastou o aumento de impostos no próximo ano.

Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, que será divulgada este domingo, Fernando Rocha Andrade revela ainda que o IVA para a restauração deverá manter-se e avisa que uma eventual redução do IRS de 600 milhões de euros, como propõe o Bloco de Esquerda, teria “consequências noutras áreas do orçamento, nomeadamente na despesa”.

Segundo o governante, em 2018 o IRS automático abrangerá também os casais com dependentes e com “o mesmo tipo de rendimentos que já estavam incluídos no IRS automático”, ou seja, rendimentos do trabalho dependente e de pensões.

“Não conseguiremos incluir já todas as situações”, indicou.

No segundo semestre deste ano, os contribuintes poderão preencher, no Portal das Finanças, a informação sobre a composição do agregado familiar.

“A partir desse pré-preenchimento, o IRS poderá calcular automaticamente as deduções que correspondem àqueles dependentes e ainda as despesas que tenham sido feitas com os números de contribuintes daqueles dependentes também podem ser integradas na conta daquele agregado familiar”, referiu.

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Além dos filhos, os cidadãos podem identificar na mesma plataforma o respetivo “cônjuge ou unido de facto”.

Sobre a proposta do Bloco de Esquerda para um alívio fiscal de 600 milhões de euros no IRS no próximo ano, Rocha Andrade avisa: “Isso tem necessariamente consequências noutras áreas do orçamento, nomeadamente na despesa”.

O secretário de Estado recordou que o Programa de Estabilidade e Crescimento apresentado pelo Governo prevê “um valor de 200 milhões de euros como acréscimo de despesa fiscal para a reforma dos escalões do IRS”.

“O crescimento económico permite continuar a executar o programa do Governo”, disse, acrescentando que o valor de 600 milhões de euros “não consta do programa” do executivo liderado por António Costa.

“Naturalmente, um orçamento de Estado é feito de um conjunto de opções e também de negociações, no quadro desta maioria parlamentar”, afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

“Não vale a pena isolar um valor do IRS como se ele estivesse separado de todos os outros. O valor que se encontrar para a descida da receita fiscal está necessariamente ligado a todos os outros”, mencionou ainda.

Sobre 2018, Rocha Andrade reiterou: “O Governo tem referido que não pretende aumentar impostos e é esse o cenário em que trabalhamos”.

Sobre o IVA de 13% na restauração, o governante afasta, para já, alterações.

“Neste momento, as indicações que existem são no sentido de a medida ter contribuído positivamente para a criação de emprego e não vejo nenhuma razão para voltar atrás”, afirmou, referindo que o executivo admite “revisitar” o universo de bebidas que estão sujeitas a taxa intermédia.