António Costa já tinha dito que queria apurar responsabilidades e pedir respostas às várias forças intervenientes no combate aos fogos para tentar entender por que é que tanta gente morreu numa estrada por onde não deveria haver ninguém a circular.
O primeiro-ministro confirmou que nenhuma das autoridades competentes deu ordem para encerrar a Estrada Nacional 236, onde morreram 47 pessoas durante o incêndio de Pedrogão Grande, porque a dimensão da tragédia que se veio a verificar era, nessa altura, impossível de prever. “Que eu tenha conhecimento, não há nenhuma instrução específica para o encerramento daquela via [EN236], conforme aqui diz a GNR”, afirmou o chefe do Governo.
“Não foi dada essa instrução pelo comando da Guarda, pelos militares da Guarda no local e, provavelmente, também não pela Autoridade Nacional de Proteção Civil”, disse António Costa que já recebeu uma resposta oficial da GNR. “O fogo terá atingido esta estrada de forma totalmente inesperada, inusitada e assustadoramente repentina, surpreendendo todos, desde as vítimas aos agentes de proteção civil, nos quais se incluem os militares da Guarda Nacional Republicana destacados para o local”, leu António Costa numa entrevista a TVI.
O primeiro-ministro considera que a resposta da GNR “corresponde à descrição do dramatismo e da rapidez com que tudo aconteceu naqueles 400 metros daquela estrada”, mas, questionado sobre se aceita essa explicação, disse que “a resposta final” vai surgir “no devido tempo”.
“Todos me descreveram a mesma coisa: foi algo muito súbito e muito repentino o que aconteceu naqueles quatro a cinco quilómetros quadrados em que se centraram as vítimas humanas”, frisou António Costa.
“Não tenho evidências de falhas”
Destacando o trabalho de todas as pessoas no terreno, o primeiro-ministro disse não ter evidência de que tenha havido “falhas no combate aos incêndios” e garantiu manter a confiança na ministra da Administração Interna e em toda a cadeia de comando.
“Mantenho a confiança na cadeia de comando e assim manterei até estas circunstâncias estarem concluídas. Se, no final, houver responsabilidade teremos que tirar consequências, mas até ao momento não tenho evidência de que tenha havido qualquer falha na cadeia de comando”, afirmou António Costa.
O primeiro-ministro adiantou ainda que, contrariamente ao que inicialmente previra, o número de mortos não deverá aumentar mais, pelo menos de forma significativa. António Costa confirmou que todas as aldeias já foram vistoriadas e mais nenhum cadáver foi encontrado, pelo que novas mortes, a surgirem, poderão decorrer de feridos graves.