O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, disse esta sexta-feira, em entrevista à SIC, que o furto de material de guerra dos Paióis de Tancos não foi, como tinha sugerido o tenente-coronel João Paulo Alvelos, do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, “a maior quebra de segurança deste século em toda a União Europeia”.
“Há quebras e falhas de segurança muito superiores”, sublinhou o governante, destacando que “nem é preciso evocar os trágicos acontecimentos que têm varrido o continente”.
O ministro da Defesa garantiu também não querer avançar com insinuações, mas registou a coincidência entre o roubo de material militar dos paióis de Tancos e a decisão de reforçar o perímetro de segurança do local.
Em entrevista ao Jornal da Noite do canal televisivo SIC, José Alberto Azeredo Lopes afirmou registar a “circunstância peculiar da coincidência [do roubo] com a decisão do reforço do perímetro de segurança” dos Paióis Nacionais de Tancos, sublinhando, porém, não querer insinuar nada, nem “aligeirar carga” das responsabilidades.
Governo tinha projeto para reconstrução da vedação dos Paióis de Tancos
Segundo um despacho publicado hoje em Diário da República, o Ministério da Defesa Nacional autorizou, a 5 de junho, uma despesa de 316 mil euros, mais IVA, para a “reconstrução da vedação periférica exterior no perímetro norte, sul e este dos Paióis Nacionais de Tancos”, Vila Nova da Barquinha.
Em comunicado, o Exército anunciou na quinta-feira que foi detetada quarta-feira ao final do dia a violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois ‘paiolins’, tendo hoje precisado que entre o material de guerra roubado estão “granadas foguete anticarro”, granadas de gás lacrimogénio e explosivos, mas não divulgou as quantidades.
Esta noite, Azeredo Lopes comentou que cabe ao ministro da Defesa “alocar ao Exército a função de garantir a segurança de instalações militares”, explicando o processo legal e burocrático de lançamento de concursos, como o referente à vedação de Tancos.
Roubo em Tancos. Sistema de videovigilância está avariado há dois anos
O ministro referiu ainda a ordem que deu para serem avisados os aliados internacionais do ocorrido e que aos parceiros da NATO “foi dita a verdade”, recusando, porém, que este caso tenha sido a “maior quebra de segurança da União Europeia”.
Na quinta-feira, em Bruxelas, à margem de uma reunião ministerial da NATO, o ministro da Defesa reconheceu que o roubo de granadas de mão ofensivas e munições das instalações militares “é grave” e garantiu que não ficará “nada por levantar” nas averiguações.
Hoje, PSD e CDS-PP anunciaram que querem ouvir o ministro da Defesa no parlamento sobre este assunto. O PSD requereu também a audição do chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte.
O PCP classificou hoje o assalto a um paiol militar em Tancos como um “caso de extrema gravidade a necessitar de todo o apuramento, incluindo a retirada de consequências”, enquanto o BE questionou o Governo, querendo saber o que falhou e que medidas serão tomadas para o recuperar, pedindo esclarecimentos sobre a eventual avaria na videovigilância.