Pastéis de nata, tal como chapéus, há muitos. Todos os cafés e pastelarias em Portugal vendem o doce português, mas são poucos os locais que justificam desvios e fidelidade. Quando a Manteigaria abriu na Baixa de Lisboa, em 2015, rapidamente se tornou local de peregrinação de gulosos mais exigentes. Agora, é a vez da marca tentar conquistar o amor dos portuenses.
As várias fornadas de pastéis de nata vão ser servidas na Rua Alexandre Braga, mesmo ao lado do Mercado do Bolhão, no espaço que antes era da Delta Q e que agora as duas marcas vão partilhar. O edifício reabre na quinta-feira à tarde, totalmente renovado, e será possível ver da rua o fabrico de cada pastel, adianta ao Observador Aristides Rocha Vieira, o proprietário da Manteigaria.
Em Lisboa, há um sino que toca sempre que um conjunto de pastéis sai do forno. No Porto também haverá, garante ao Observador. Tudo para que os clientes saibam qual a melhor altura para comer os pastéis que o sobrinho de Aristides Rocha Vieira, o chef Miguel Rocha Vieira, ajudou a criar.
“O segredo é usar ingredientes puros, matérias primas sem aditivos, manteiga e não as margarinas que agora se usam”, começa por dizer o responsável. Trata-se de uma manteiga própria para massa folhada que tem de ser importada de França, porque em Portugal “deixou de se fazer nos anos 1970”. Para a massa folhada ficar estaladiça e caramelizada, o pastel vai ao forno a temperaturas mais altas do que o normal. “A massa folhada é aberta à mão forma a forma”, explica este defensor da receita tradicional.
Desde que abriu, há dois anos, que a Manteigaria vende o seu ex-libris a 1€. O preço mantém-se o mesmo no Porto. Em Londres é que talvez seja mais caro. É que o próximo passo é a internacionalização, e Aristides Rocha Vieira conta poder ter os seus pastéis na capital inglesa em 2018. Nada de exportar congelados: a ideia é criar uma escola social em Portugal para formar pasteleiros que possam depois fazer os pastéis de nata de raiz lá fora.