Fernando Medina citou Bill Clinton para dizer que é feliz como presidente de câmara e não tem pressa de ser primeiro-ministro, diz que nunca se descreveria como “menino de ouro do PS” e volta a pôr em xeque os ex-governantes que aceitaram viajar pela Galp ao Euro: quando o convidaram não lhe pareceu “bem“, “próprio” nem “adequado“. Em entrevista ao DN e à TSF o atual presidente e candidato à Câmara de Lisboa diz que não pensa, para já, seguir as pisadas de Costa como líder do partido e do Governo: “Nunca orientei nem oriento a minha vida pelo cargo seguinte“.
A esse propósito, o autarca cita uma frase de Bill Clinton que diz ser um guia na sua vida: “Nós só devemos aceitar aqueles lugares onde nos sentimos felizes, porque é aí que nós vamos ser bons a fazer esses lugares”. Ora, Medina sente-se “muito feliz” a liderar os destinos da capital, pois garante que gosta “muito” do que faz. “O futuro, será o que for”, comenta, sobre o seu futuro político.
Quanto a política nacional, Medina voltou a confirmar que também foi convidado pela Galp para ir ao Euro 2016. Explica que, em primeiro lugar, não foi a França porque havia uma “funzone incrível ali montada no Terreiro do Paço, não querendo poupar no elogio da casa”. Já a segunda razão — que acaba por comprometer os governantes que foram exonerados — é clara: “Tem a ver com uma apreciação própria que fiz. Não me pareceu bem, não me pareceu próprio, adequado. É uma apreciação minha.”
Aliás, Medina foi chamado a depor como testemunha, precisamente para explicar os termos do convite e para servir como contraponto ético. Nesse sentido, o facto de não ter aceitado o convite, prejudica os camaradas de partido. Na entrevista ao DN e à TSF não revelou, naturalmente o que disse ao Ministério Público: “Fui como testemunha e não posso dizer mais do que aquilo que já disse publicamente sobre isto“.
Sobre a tragédia de Pedrógão Grande, Fernando Medina considera “importante o cabal esclarecimento total de tudo o que se passou”. O autarca não compreende o arrastamento na constituição da comissão independente que vai analisar o assunto e afirma que “a comissão tem um tempo de constituição e de funcionamento muito mais longo do que acho desejável para uma matéria desta natureza. Tem de haver outro método, antes disso, para com rigor sabermos o que aconteceu.” Quanto à ministra da Administração Interna, Medina considera que a governante “esteve bem, teve coragem. Ter feito um ato de demissão para satisfazer as oposições na altura seria um ato que só iria prejudicar o desenvolvimento da sua missão.”
Questionado sobre se sentia confortável com o título de “menino de ouro do PS” que lhe foi atribuído num perfil do jornal Público, mas que também foi o título escolhido por Eduarda Maio na biografia de José Sócrates, Medina respondeu que o termo “é uma citação de um livro muito anterior a qualquer um desses factos”. E acrescentou, na mesma entrevista: “Não comento esses títulos, não fui eu que os escrevi. Não me descreveria dessa forma, naturalmente”.
Medina não admitiu que o objetivo das requalificações que fez foi afastar os carros da cidade, mas deixou passar a ideia de guerra ao automóvel. Desde logo, considera que “a questão central da mobilidade é que a cidade perdeu muitos habitantes para os concelhos limítrofes, e que por isso “todos os dias entram na cidade de Lisboa cerca de 370 mil carros”. Medina lembra que se alinhassem “estes carros numa única fila, era a distância que vai de Lisboa até Paris, todos os dias a entrar na cidade“. Ora, como “não há transportes públicos capazes, à altura, as pessoas têm de usar o transporte individual”.