As populações de três freguesias próximas de Mação foram evacuadas ao final da noite desta terça-feira na sequência de um grande incêndio que continua a lavar no concelho de Mação. De acordo com Vasco Estrela, presidente de Câmara de Mação, já foram evacuadas mais de 200 pessoas em todo o concelho, tendo as últimas evacuações decorrido nas freguesias de Caratão, Santos e Casas da Ribeira. “São freguesias próximas da sede do concelho. Existem, neste momento, duas frentes [do fogo] ativas — uma delas particularmente intensa”, afirmou em declarações em direto à RTP N.

Das 200 pessoas evacuadas ao longo do dia, cerca de metade já foi autorizada pelas autoridades a regressar às suas casas.

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa esteve em Mação esta noite de terça-feira na sequência dos três incêndios que lavram nos distritos de Santarém e Castelo Branco esta terça-feira. Marcelo deslocou-se ao local para dar uma palavra de “solidariedade e apoio aos operacionais que são muitos e bons” e uma palavra de “confiança às populações”. O presidente da República deixou ainda um alerta: “Quando a prioridade é combater não há vagar para fazer o balanço”.

A frente que arde no concelho de Mação (distrito de Santarém) representa “uma situação trágica”, disse Vasco Estrela, ao Observador, ao início da noite.

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A adjunta nacional de operações da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Patrícia Gaspar, disse ao Observador que há um novo foco de incêndio na freguesia de Belver, no concelho de Gavião, Portalegre, que levou à retirada de 70 pessoas das suas casas. Segundo José Pio, presidente do município “foram evacuados sete ou oito” pequenos aglomerados populacionais e as pessoas foram transferidas para o Centro Social Belverense, em Belver. O foco está muito próximo da frente de Mação pelo que é provável que nas próximas horas as duas frentes se encontrem.

Pelo menos dez localidades foram evacuadas em Mação, e “nas próximas horas estamos a avaliar evacuar mais quatro ou cinco povoações”, confirmou Vasco Estrela. O autarca avançou ainda que “mais de 150 pessoas foram retiradas das habitações” sendo que foram todas encaminhadas para o lar de idosos e para a Santa Casa da Misericórdia de Cardigos.

A A23 também foi cortada, na zona do concelho de Abrantes, em Santarém, devido aos incêndios.

O secretário de Estado Jorge Gomes encontra-se no local e mostrou-se preocupado com a situação, tendo em conta que há “várias aldeias e populações em perigo ou com potencial perigo”, enquanto o vento regista mudanças de direção.

Vamos ver como é que é possível tentar defender essas pessoas e localidades, tirando essas pessoas das aldeias para evitar que haja dramas humanos ou situações como a que se está a verificar em Envendos, onde já arderam hoje várias casas [algumas de primeira habitação]; ver concretamente o que aconteceu, para tentarmos perceber como é que podemos aliviar esse problema”, afirmou, contabilizando um total de 10 mil hectares de área ardida desde domingo no concelho.

Vasco Estrela não esconde um tom de voz transtornado, à saída de uma reunião com as autoridades e com membros das autarquias vizinhas. Fala numa “situação trágica” mas não deixa de louvar a “dedicação, solidariedade e voluntariado” a que assiste na região. A coordenação com os municípios vizinhos de Sardoal, Abrantes e com os concelhos do distrito de Castelo Branco são “normais, porque todos sabemos infelizmente o que é passar por isto”, garantiu Vasco Estrela ao Observador.

O presidente da Câmara Municipal de Mação pede aos munícipes “muita força e coragem para o que estamos a viver”, mas não presta declarações sobre o estado de funcionamento do SIRESP.

À semelhança dos últimos dias, as comunicações da Proteção Civil têm sido feitas a partir de Lisboa. No briefing das 19h00, a adjunta de operações Patrícia Gaspar dá conta de 104 ocorrências de incêndios florestais mas “com as atenções centradas” nestes três teatros de operações em Castelo Branco e Santarém.

Patrícia Gaspar referiu que o grande desafio do combate a estes três incêndios “é criar um equilíbrio entre o combate direto das frentes de incêndio e o devido apoio às localidades e às pessoas e às suas habitações”.

As condições climatéricas não dão tréguas no combate às chamas: “O vento tem soprado de forma muito forte, com frentes de 65 a 70 quilómetros por hora e tem provocado novos focos de incêndio e reativações. Este foi o panorama de toda a tarde de hoje.”

Com a situação “mais preocupante” a decorrer em Mação, a Proteção Civil dá conta dos números empenhados no combate: 31 grupos de reforço mobilizados, 10 pelotões militares, e uma unidade de emergência militar espanhola (em Castelo Branco).