Mais de 1500 operacionais, 491 meios terrestres e 16 meios aéreos estão a combater os dois incêndios ativos nos distritos de Castelo Branco e Santarém, sendo que o incêndio que teve início na Sertã e se estendeu a Mação e Proença-a-Nova é o que continua a merecer maior preocupação. Várias aldeias estão “em risco” devido aos reacendimentos e a novos focos de incêndio que vão surgindo nas freguesias de Carvoeiro, Envendos, Cardigos, Ortiga e União de Freguesias de Mação.

Um total de 200 pessoas foram retiradas de 20 aldeias de Mação, onde as chamas destruíram nos últimos dois dias cerca de 10 mil hectares de área florestal e os fogos continuam por controlar.

A A23, no concelho de Abrantes, a Estrada Nacional 3, no concelho de Vila Velha de Ródão, e a Estrada Regional 351, em Proença-a-Nova, estavam pelas 20h00 cortadas ao trânsito.

Mação

Em declarações à agência Lusa, por volta da 00h30, junto ao posto de comando no centro da vila, o presidente da Câmara disse “não haver grandes melhorias” a registar e que “continuam-se a evacuar aldeias”, tendo referido que os casos mais preocupantes se centram nas freguesias de Mação e Envendos.

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“As chamas estão ali por controlar e estão a vir para Mação mais habitantes das localidades de Santos, de Caratão e Casas da Ribeira (20 pessoas por aldeia), localidades que situam a cinco, seis e 10 quilómetros da vila, nomeadamente idosos, que vão ser instalados no lar da Santa Casa da Misericórdia de Mação”, disse Vasco Estrela.

“O incêndio da Sertã, já no concelho de Mação continua ativo com duas frentes com muita intensidade“, confirmou ainda esta manhã o comandante nacional operacional da Proteção Civil, Rui Esteves. Ao Observador, o presidente da Câmara confirmou que mais de dez localidades serão evacuadas durante a noite de segunda-feira e que mais de 150 pessoas foram retiradas das suas casas.

População de três freguesias próximas da vila de Mação evacuadas

A adjunta de operações Patrícia Gaspar, da Proteção Civil, referiu, cerca das 19h00, que “o grande desafio está em encontrar um equilíbrio entre o combate direto das frentes de incêndio e o apoio às populações”. Garantiu ainda que o vento está a dificultar o combate às chamas e que tem provocado vários focos de incêndio e reacendimentos durante esta terça-feira.

“Ontem durante a tarde e início da noite foram sendo feitas evacuações de vários locais por onde o incêndio foi passando sobretudo na zona de Mação e houve de facto várias aldeias onde foi necessário proceder a uma retirada preventiva das pessoas. Estamos a falar das aldeias de Bairrada, Eira, Envendos, Casal Velho, Quebradas, Roda. Estamos a falar de uma área vasta onde existem várias povoações dispersas”, acrescentou.

A situação é de “alerta” nos concelhos vizinhos. “Estamos a alertar para esta situação há quatro anos, somos dos concelhos que mais investe na Proteção Civil – 10% do orçamento – e há concelhos que investem mais em fogo de artifício do que na Proteção Civil”, disse ao Observador o presidente do município do Sardoal, Miguel Borges. A situação em Mação “é preocupante, mas estamos pré-posicionados para que, em caso de se exigir uma resposta, ela seja rápida e eficaz”. Miguel Borges aponta o dedo ao SIRESP: “Já falhou. Falhou o ano passado no Sardoal, falhou este ano, falhou esta semana e não há consequências políticas”.

Proença-a-Nova

O incêndio que lavra em Proença-a-Nova está com duas frentes preocupantes, uma nas proximidades do parque empresarial e outra que se dirige para a zona da Moita, disse o presidente do município, João Lobo.

“Temos aqui um problema junto ao PEPA [Parque Empresarial de Proença-a-Nova]. Há uma frente forte, mas estão meios no local para salvaguardar o perímetro do PEPA”, explicou à agência Lusa João Lobo, cerca das 17h30. O presidente deste município do distrito de Castelo Branco disse ainda que há uma segunda frente que merece preocupação e que vai da zona de Pergulho em direção à Moita.

Apesar da situação complexa que se vive no terreno, João Lobo adiantou que, “neste momento, ainda não há povoações em perigo”.

Crédito: Sérgio Azenha/Lusa

Vila Velha de Ródão

O combate ao incêndio que lavra em Vila Velha de Ródão “está complicado” esta tarde, com várias frentes ativas, sobretudo em Perdigão e Vilas Ruivas, esta última localidade já evacuada por precaução, segundo o município.

“Está complicado. Temos várias frentes ativas, sobretudo junto ao Perdigão e a Vilas Ruivas. O vento acalmou muito agora e os meios aéreos estão a fazer um bom serviço nesta fase de acalmia. Acho que se vai conseguir segurar [o fogo]”, disse à Lusa o vice-presidente da Câmara de Vila Velha de Ródão, José Manuel Alves.

Já em relação aos habitantes de Vilas Ruivas, localidade que foi evacuada esta tarde, o autarca adiantou que “vão manter-se no Fratel [outra freguesia] até haver condições de segurança para regressarem”

SIRESP com falhas durante a noite

Ainda Patrícia Gaspar admitiu durante a manhã de terça-feira que o SIRESP esteve com intermitências na rede durante duas horas, mas que a situação se estabilizou. Segundo a mesma responsável, “foi necessário recorrer a outras redes”.

As redes a que se refere dizem respeito a duas antenas móveis, que se encontram esta terça-feira posicionadas nos concelhos de Castelo Branco e Proença-a-Nova, confirmou esta manhã Rui Esteves aos jornalistas, sem deixar de referir que “o SIRESP apresenta falhas sempre que há uma grande concentração de operacionais” e que as falhas “foram pontuais, momentâneas. Sobre o SIRESP, a seu tempo será esclarecido”.

Novas falhas de SIRESP obrigam a recorrer a outras redes

Última atualização às 20h43