As autoridades da Catalunha exploram agora a possibilidade de os atentados terroristas desta semana na região estarem ligados entre si e relacionados com uma explosão em Alcanar. Esta é a cronologia dos eventos.

Quarta-feira

Alcanar. 23h17

Dá-se uma explosão numa casa em Alcanar, a cerca de 200 quilómetros de Barcelona, matando um dos inquilinos e ferindo outras sete pessoas, entre elas um dos inquilinos, que está em estado grave e é levado para o Hospital Virgen de la Cinta, segundo conta o El País. Inicialmente, as autoridades pensam ter-se tratado de uma explosão acidental, identificando o local como um possível laboratório clandestino de produção de droga.

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Mais tarde, a polícia encontrará documentos de um dos inquilinos desta casa numa das carrinhas utilizadas no ataque às Ramblas, de acordo com o La Vanguardia — levando os investigadores a olhar para a explosão em Alcanar com outra atenção. Josep Lluís Trapero, responsável da polícia catalã, avançará mais tarde a teoria que se mantém em cima da mesa: os inquilinos de Alcanar estavam a preparar um ataque terrorista em Barcelona com explosivos, razão pela qual tinham acumulado várias botijas de gás butano. Contudo, uma delas terá explodido por engano, provocando o acidente.

“A explosão em Alcanar fez com que eles já não tivessem o material necessário para levar a cabo ataques de grande dimensão em Barcelona”, declarou Trapero. “Assim eles tentaram, provavelmente, um outro tipo de ataque”, recorrendo então às carrinhas alugadas para atropelar peões.

Quinta-feira

Alcanar. 16h

Os trabalhos de remoção dos escombros da casa de Alcanar provocam uma nova explosão por acumulação de gás, ferindo seis agentes da polícia, dois bombeiros e o condutor da grua, como explica o El País. É também encontrado o corpo de uma outra vítima mortal, possivelmente outro dos inquilinos.

Las Ramblas, Barcelona. 16h50

Uma carrinha Fiat branca avança pelo meio da movimentada avenida das Ramblas, atropelando todas as pessoas que apanha pela frente. O ataque mata 13 pessoas e fere mais de 130. O condutor foge a pé pelo bairro do Raval e a polícia segue no seu encalço.

Entretanto, prossegue a investigação. A matrícula da carrinha leva as autoridades a uma empresa especializada em aluguer deste tipo de veículos em Santa Perpètua de Mogoda, a 25 quilómetros do centro de Barcelona. No local, descobre-se que a carrinha foi alugada por Driss Oukabir, nascido em Marrocos com passaporte espanhol. Para além daquela carrinha, Oukabir terá alugado outros dois veículos.

Vic. 18h30

Uma das outras duas carrinhas alugadas por Oukabir é encontrada abandonada, a 70 quilómetros de Barcelona, em Vic. As autoridades declaram que terá sido usada na fuga de um dos atacantes.

Sant Just Desvern. 18h45

Um carro Ford Focus recusa parar num controlo policial na Avenida Diagonal em Sant Just Desvern, a 10 quilómetros do centro de Barcelona, atropelando e ferindo dois agentes policiais. Segue-se uma troca de tiros e uma fuga, tendo a polícia encontrado o carro 45 minutos depois, com um homem morto lá dentro.

Inicialmente, as autoridades não conseguem determinar se há alguma relação com o ataque das Ramblas da hora anterior. “Este homem está morto, é espanhol e a sua ligação aos terroristas não esta confirmada”, dirá o major Trapero. O resultado da autópsia determinará que o indivíduo morreu esfaqueado e não alvejado, levando as autoridades a especular que poderá ter-se tratado de um caso de carjacking por um dos suspeitos de terrorismo ligados ao ataque. A situação continua a ser investigada.

Ripoll. 19h30

Driss Oukabir, responsável pelo aluguer dos veículos em Santa Perpètua de Mogoda, entrega-se numa esquadra em Ripoll, cidade no norte da Catalunha onde vive. Diz que os seus documentos foram roubados e que não foi ele o responsável pelo aluguer da carrinha. É detido para interrogatório. As autoridades começam a seguir a pista de que poderá ter sido o seu irmão mais novo, Moussa (17 anos), a usar os documentos de Driss.

Alcanar, 21h

Outro homem, originário do enclave espanhol de Melilla (norte de África) é detido ainda na quinta-feira, por suspeitas de ligação à explosão de Alcanar.

Sexta-feira

Cambrils. 01h

Oito horas depois do ataque nas Ramblas, um Audi A3 azul atropela mais peões na cidade costeira de Cambrils, perto de Tarragona. O ataque no Paseo Maritimo mata uma mulher e fere outras sete pessoas. A polícia abate os cinco suspeitos que seguem dentro do carro e que traziam consigo falsos cintos de explosivos.

Ripoll. 10h

Uma operação policial na casa de Driss Oukabir e numa segunda habitação leva à detenção de um homem de 34 anos, de nacionalidade marroquina.

Barcelona. 12h

Centenas de pessoas reúnem-se na Praça da Catalunha para assinalar um minuto de silêncio em nome das vítimas. O encontro conta com a presença do Rei Filipe, do primeiro-ministro Mariano Rajoy, do presidente da Catalunha Carles Puigdemont e da autarca de Barcelona Ada Colau. Depois da homenagem, a multidão grita “No tinc or” (“Não tenho medo”, em catalão).

Ripoll. 13h40

A polícia confirma a detenção de outros dois homens, por suspeita de ligações aos ataques terroristas de quinta-feira e da madrugada de sexta. Ao todo, quatro homens foram detidos. São três cidadãos marroquinos e um espanhol, com idades compreendidas entre os 21 e os 34 anos.

Na sexta-feira, a polícia da Catalunha divulga ainda a identidade dos cinco suspeitos abatidos em Cambrils. Um deles é o irmão de Driss Oukabir, Moussa, de 17 anos — que as autoridades crêem que pode ter sido o condutor da carrinha nas Ramblas. Os outros são El Houssaine Abouyaaquob (19 anos), Said Aallaa (19 anos), Omar Hychami (21 anos) e Mohamed Hychami (24 anos), todos de nacionalidade marroquina. O jornal Guardian dá conta de que a polícia está ainda no encalço de Younes Abouyaaquob, de 22 anos, que também poderá ter sido o condutor nas Ramblas. Está ainda por descobrir o paradeiro de uma carrinha branca Renault Kangoo, que também terá sido alugada pelos suspeitos. Alguns media franceses dão conta de que poderá estar agora em França.