Os resultados provisórios das eleições angolanas dão uma vitória com maioria absoluta do MPLA. Segundo os dados divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), que diz já ter escrutinado 65,53% das assembleias de voto, o MPLA reúne até agora 64,57% dos votos e está à frente em cada uma das 18 províncias do país.

Em segundo lugar, segue a UNITA, com 24,4%. Depois, a CASA-CE, com 8,56%.

A abstenção fixa-se para já nos 23,17%, o que significa um decréscimo em relação às eleições de 2012, em que a abstenção foi de 37,23%. Porém, fica acima dos 12,64% de 2008, as primeiras eleições após o fim da Guerra Civil.

Entre os votos que falta escrutinar, uma grande parte será em Luanda, onde apenas 29,37% das assembleias de voto foram escrutinadas. No caso específico da capital, o MPLA vai à frente com 50,26%.

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Secretário-geral do MPLA quer maioria de dois terços

Da parte do MPLA, reagiu o secretário-geral, Julião Paulo “Dino Matross”, que disse que o objetivo é o MPLA atingir a maioria qualificada, isto é, ficar acima dos 66%. Sobre o resultado positivo para o seu partido, Dino Matross disse que este se deve ao programa do MPLA, dizendo que foi o “que mais elucidou o nosso eleitorado e a população em geral”.

A confirmar-se este resultado, porém, ele será também o mais baixo do MPLA. Sobre isso, reagiu: “Também não podemos ganhar tudo. Estamos em democracia, isso seria partido único e isso nós não queremos”.

Respondendo à oposição, que diz que os resultados provisórios são “falsos”, refere que esta reação era expectável. “Há anos atrás já falava disso, de que estávamos a adulterar os resultados das eleições, é sempre assim. É sempre assim. Não podemos esperar outra coisa da oposição senão a contestação”, disse Dino Matross.

Ao início da tarde, o MPLA anunciou que tinha vencido as eleições com uma “maioria qualificada assegurada”, isto é, acima dos 66%. Ainda assim, a oposição e movimentos cívicos, que fizeram contagens alternativas, sugeriam um desfecho diferente, com o MPLA a vencer mas aquém da maioria absoluta, de 50%.

Oposição diz que números são “falsos” e que vai “denunciar” contagem da CNE

O mandatário da UNITA na CNE, José Pedro Cachiungo, disse à TPA que os números apresentados esta tarde são falsos. “Esses resultados são falsos. São falsos na sua produção, são falsos na sua dimensão, são falsos comparados com o que nós temos”, garantiu. Segundo aquele responsável, a contagem paralela que a UNITA está a fazer, baseando-se em atas das assembleias de voto, a “ideia” do partido de Isaías Samakuva dos resultados eleitorais é “completamente diferente”.

José Pedro Cachiungo queixou-se também da maneira como a CNE agiu desde o fecho das urnas. “Estamos aqui no centro de escrutínio à espera de ver a CNE produzir resultados desde ontem, não vimos absolutamente nada, não vimos os dados a chegar. Qual não é a nossa surpresa quando a porta-voz da CNE vem falar dos resultados”, refere. “Nós, mandatários dos partidos, não conseguimos dizer se foram produzidos de acordo com aquilo que a lei manda ou se foram produzidos no gabinete dela.”

Cesinanda Xavier, da coligação CASA-CE, disse que aquela força política está a “fazer contagem paralela” e garante que, ao contrário daquilo que sugere a CNE, “o MPLA na província de Luanda não estaria em primeiro lugar”.

“Denunciar, denunciar. Vamos fazer a comparação dos dados e vamos denunciar isso”, sublinhou Cesinanda Xavier. “Um povo sedento de mudança como é o povo angolano, neste momento não daria uma maioria qualificada ao MPLA.”