Há pouco mais de um ano, Lisboa ganhava uma nova cerveja artesanal, a Musa. Hoje, a marca cresceu, estabeleceu-se e cumpriu o sonho que tinha desde o início: inaugurou um bar na sua fábrica.

“A Fábrica Musa está aberta desde julho, mas só agora temos tudo pronto e a funcionar”, explica ao Observador Nuno Melo, um dos homens por trás desta marca de cerveja (Bruno Carrilho é o seu sócio). Ao entrar-se no número 83 da Rua do Açúcar, em Marvila, nota-se que o aspeto deste bar está a milhas daquele que imperava na fábrica abandonada onde tudo começou. “Passámos imenso tempo a limpar todos estes tijolos à mão”, realça, apontando para as altas paredes que rodeiam a zona de mesas e o balcão. “E fomos nós que fizemos tudo!”, exclama.

A zona de bar da nova Fábrica Musa. As paredes de tijolo foram lavadas à mão por toda a equipa. © João Porfírio /Observador

Há uns tempos começou-se a ouvir o termo Lisbon Beer District (“Distrito da Cerveja Lisboeta”, em português), aplicado a Marvila — onde mora esta Musa — por ser a casa de vários pequenos produtores de cerveja artesanal. Esta realidade cresceu, grandes marcas de cerveja nacional já manifestaram o seu interesse em deslocarem-se para lá e isso fez com que a equipa que criou néctares como o Twist and Stout ou Born in the I.P.A quisesse investir ainda mais no seu bairro.

Encontraram na Fábrica Moderna, oficina criativa que fica umas portas ao lado, o parceiro ideal para fazer o mobiliário e alguns pratos da casa, pediram ainda a uma tipografia vizinha que fizesse as letras que usam para escrever a ementa e até contaram com a ajuda de um trabalhador de construção civil que mora a uns metros de distância.

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Na gíria cervejeira, este novo bar pode ser classificado como um Tap Room. A palavra inglesa “tap”, quando aplicada a este universo, significa “à pressão” e, por essa razão, não é difícil de adivinhar o que é que se bebe aqui: além de vender garrafas — para consumir apenas fora do estabelecimento –, o pint (pouco mais de meio litro) e o half-pint (uns 250 mililitros) são reis.

À disposição existem sempre 12 referências, compostas por alguns dos clássicos da marca, uma cerveja sazonal (a que está a ser servida atualmente chama-se Season O’Connor) e uma série de experiências ou testes mais pequenos. Estas duas últimas serão alteradas a cada mês.

Como não dá jeito beber sem nada no estômago, a Fábrica Musa também terá pequenos petiscos para provar — contudo, essa parte do projeto só entrará em vigor daqui a uns tempos.

Nuno Melo (à esq.) e Bruno Carrilho (à dir.) são os fundadores da cerveja Musa. ©João Porfírio/ Observador

Música e cerveja são duas coisas que naturalmente já andam de mãos dadas, por isso não é de estranhar a aposta feita numa programação musical mensal onde não faltam, por exemplo, curadorias viradas para a experimentação (“Isto é uma fábrica, um lugar para criar, por isso faz sentido que as coisas que aqui sejam apresentadas tenham um cariz inovador”, explica ao Observador Bárbara Simões, uma responsável da marca alfacinha).

Bandas como os PAUS, coletivos musicais como os eletrónicos Bloop ou os mais psicadélicos Cuca Monga, por exemplo, serão alguns dos responsáveis por estas noites fixas que, a cada mês, terão um showcase diferente. Parte desta programação inclui ainda conceitos como o “Boa Vizinhança”, espécie de rubrica que pretende convidar músicos ou artistas das redondezas para atuarem.

Tudo isto somado, a única musa que vai precisar para inspirar uma divertida saída à noite está à distância de um gole.

O quê? Fábrica Musa
Quando? Todos os dias, das 16h às 23h (sexta e sábado fecha às 24h)
Onde? Rua do Açúcar, 83, Lisboa (Marvila)