O presidente catalão, Carles Puigdemont, insistiu que aplicará “o que diz a lei” catalã do referendo, suspensa pelo Tribunal Constitucional, que prevê a declaração da independência após o anúncio dos resultados oficiais de um de outubro.

“A declaração de independência, a que nós não chamamos declaração unilateral de independência, está prevista na lei do referendo como aplicação dos resultados”, afirmou o político. “Aplicaremos o que diz a lei”, adiantou ainda Puigdemont no programa “30 minutos”, que será transmitido este domingo à noite pela estação televisiva autonómica TV3 e cujo conteúdo, gravado nos últimos dias, foi parcialmente divulgado.

O dirigente catalão admitiu também não ter contacto com o Governo central: “Há algum tempo que não temos, porque eles se recusam a falar sobre este tema. Eles queriam que não se falasse deste tema”.

“O que está a acontecer na Catalunha é real, gostem ou não. São milhões de pessoas que votaram, que querem decidir, temos que falar disto. De que é que pensam que havemos de falar? Porque é que pensam que as pessoas se mobilizam? As pessoas não se movem e fazem frente à violência policial por uma reforma do modelo de financiamento. Sejamos honestos todos juntos. Temos que falar da Catalunha, e não querem falar dela”, frisou Puigdemont, cujo Governo (Generalitat) considerou válido o referendo cuja realização foi proibida pelo Tribunal Constitucional e que o executivo de Madrid considera estar manchado por uma série de irregularidades.

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O programa “30 minutos” entrevistou também o delegado do Governo na Catalunha, Enric Millo, que se interrogou por que razão é que o referendo da independência deve ser a solução.

“Eu pergunto-me porque é que a solução para um conflito deve ser um referendo? Um referendo, no fim de contas, é o síndroma do 50 mais um. Há ganhadores e perdedores. No dia seguinte, o que é que resolvemos? O conflito continua ali. Não o resolvemos. Sou partidário de se procurar uma fórmula de consenso. Dialogar muito, procurar pontos de ligação, cedermos todos um pouco e continuarmos a trabalhar juntos”, comentou Millo.

As tensões entre Madrid e os separatistas no poder na Catalunha desde o início de 2016 mergulharam o país na mais grave crise política desde o regresso da democracia em 1977.