A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) admitiu esta terça-feira que mais meios aéreos a combater os incêndios no domingo “teria sido uma vantagem importante”, mas garantiu que foram reforçados os meios disponibilizados para esta fase de fogos.
“No dia 15 de outubro tínhamos 18 meios aéreos, tivemos 524 ocorrências, número que não foi alcançado em nenhum dia do verão, momento em que tínhamos 48 meios aéreos. No dia 15, é óbvio que teria feito falta mais meios aéreos, mais meios aéreos teria sido uma vantagem importante“, disse a adjunta do comando nacional da ANPC, Patrícia Gaspar, no ‘briefing’ de ponto de situação sobre os incêndios, realizado após a reunião semanal do Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON).
Patrícia Gaspar adiantou que “teria sido benéfico possuir mais meios” aéreos a combater os incêndios no domingo, mas a ANPC geriu “o melhor que podia” os meios que estavam ao alcance e disponibilizados. A mesma responsável adiantou que “houve questões que se conseguiram acautelar” para esta fase de fogos, como o prolongamento de horas em vários contratos de meios aéreos.
Segundo Patrícia Gaspar, foram prolongados os contratos dos aviões pesados anfíbios Canadair, que terminavam a 15 de outubro, e de oito helicópteros médios. No entanto, sustentou, “houve outros contratos que por razões administrativas não foram prolongados”.
A adjunta do comando nacional avançou também que este ano, a partir do momento em que se percebeu um aumento da severidade meteorológica e condições favoráveis para incêndios, foram reforçados “os meios disponibilizados para a fase Delta” com cerca de 900 bombeiros, que passaram a integrar o dispositivo e que não estavam previstos numa fase inicial.
A mesma responsável explicou que, durante os períodos de maior risco, que começam em maio e se prolongam até outubro, há um reforço do dispositivo para garantir que ao nível dos corpos de bombeiros, que na sua maioria são voluntários, exista uma maior disponibilidade para as operações de combate aos incêndios.
Adiantou que “a designação das fases é uma questão de planeamento operacional”, sendo os meios alocados para cada fase “obviamente flexíveis”.
O que tentamos fazer este ano foi adaptar a estratégia e os mecanismos à situação operacional (…). Na perspetiva operacional importa ir acompanhando a evolução dos tempos, importante ir adaptando às condições no terreno e às condições de exceção que muitas vezes acontecem”, disse ainda.
As centenas de incêndios que deflagraram no Norte e Centro de Portugal no domingo, o pior dia de fogos do ano, segundo as autoridades, provocaram pelo menos 37 mortos e 71 de feridos, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos a registar este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, um fogo que alastrou a outros municípios e que provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.