O presidente da Confederação Industrial Portuguesa (CIP) não poupa críticas ao Governo na forma como geriu a estratégia de combate aos fogos deste ano, em especial a última vaga no norte e centro do país, que causou pelo menos 41 mortes. António Saraiva considera que o primeiro-ministro não reagiu da melhor forma nem tomou as decisões que se exigiam perante a tragédia, afirmou esta quarta-feira à noite em entrevista ao programa ECO24, na TVI.
Temos uma estabilidade política, a par de uma estabilidade social, portanto, a confiança, mantemo-la. Exige-se é outro tipo de respostas a estas catástrofes.”
O líder dos patrões deixa mais críticas ao Executivo de António Costa. O dirigente considera também que o governo está refém dos partidos da esquerda e, por isso, também dos sindicatos. “Estando este governo refém do acordo com os partidos que suportam a maioria parlamentar, é natural que aquilo que é visível seja a vontade de sindicatos“, cujas reivindicações, reforça, têm sido atendidas em detrimento dos pedidos das empresas. Ainda assim, garante que a CIP tem uma palavra a dizer em certos assuntos de Estado. “Muitas vezes, é no recato dos gabinetes que conseguimos impor medidas, é na diplomacia das questões que se demonstra que vencemos pela razão”. Aliás, sublinha, “os próprios acordos de concertação social são um equilíbrio de vontades”. E deixa um aviso:
Se o Governo, este ou outro qualquer, reverter a atual legislação laboral para aquilo que é a vontade de alguns sindicatos, nomeadamente os da CGTP, para um período pré-troika, terão a nossa firme oposição e desenvolveremos um conjunto de iniciativas”.
Sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2018, António Saraiva considera também que premeia as famílias em detrimento das empresas, e tem dúvidas sobre a real sustentabilidade de uma economia que está equilibrada, mas em arames “muito frágeis”. Ainda assim, relembra que o país vive um momento de estabilidade política e social e, por isso, o Governo mantém a confiança dos empresários.
O dirigente da CIP, na mesma entrevista, também dirige algumas farpas mais afiadas ao ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, a quem aponta “falta de força política, dentro do Governo, para fazer valer a vontade da Economia”. Diz mesmo que o ministro tem estado abaixo das expetativas dos empresários. Reconhece, contudo, que é um “profundo conhecedor” da economia nacional.