Os SUV são os carros da moda. Vieram para ficar e surgem de todas as formas e tamanhos, conquistando cada vez mais clientes aos veículos tradicionais. E se esta classe de veículos – mais virados para o lazer e para a aventura, ao estimular a vontade de passear por estradas menos boas, em asfalto ou em ter – começou pelo segmento médio, onde se movimenta por exemplo o Ateca, agora é no segmento dos mais pequenos que os construtores mais se digladiam para aliciar clientes. E estes não são compradores fáceis de satisfazer, pois querem design, espaço e personalidade, mas tudo isto num veículo pequeno em dimensões e, mais importante do que isso, em preço.

SUV logo à primeira vista

O Arona é o mais pequeno dos SUV da marca espanhola, mas nem por isso deixa de esgrimir as características tão apreciadas nesta classe de veículos. Referimo-nos ao facto de ser mais alto, em relação ao solo e não só, e exibir protecções dos guarda-lamas em plástico, para induzir a sensação que não há arbustos nem silvas que lhe metam medo, quando se circula nas estradas de terra mais estreitas. E, como seria de esperar, também a zona inferior dos pára-choques, tanto à frente como atrás, beneficia dos embelezadores que recordam as tradicionais protecções de cárter e de diferencial dos jipes de outros tempos.

Tão importante quanto o aspecto de SUV é a possibilidade deste Seat se poder afoitar um pouco mais quando a rodar fora de estrada, pelo que lá estão os melhores ângulos de ataque e de saída do Arona, isto apesar do modelo não ter grandes veleidades para fazer ‘trialadas’, entre outros motivos porque, à semelhança da esmagadora maioria dos seus concorrentes, está equipado exclusivamente com tracção dianteira.

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Como a principal limitação quando um automóvel circula fora de estrada provém da sua reduzida altura ao solo, o que provoca danos no sistema de escape e protecções aerodinâmicas inferiores, o Arona oferece a quem vai ao volante uma maior altura. Esta foi conseguida à custa de alterações na suspensão – o que só por si rendeu 3 centímetros –, e dos pneus (com maior diâmetro), pelo que a realidade é que o mais pequeno dos SUV desta marca do Grupo Volkswagen está 4 centímetros mais longe das pedras, que é como quem diz, dos problemas.

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Vestido ao gosto de cada um

O Arona é um veículo acessível, proposto por valores que arrancam bem abaixo dos 20 mil euros, mas nem por isso os clientes estão na disposição de aceitar tudo e mais alguma coisa. Bem pelo contrário. Se o primeiro veículo produzido em série, o Ford T, se gabava de permitir aos clientes a escolha da qualquer cor para a carroçaria, desde que fosse preto, tudo para facilitar a tarefa da linha de produção imaginada por Henry Ford em 1908, o novo SUV espanhol propõe exactamente o contrário.

Num período em que muitos lutam por serem diferentes, a personalização dos automóveis, mesmo os menos onerosos, é algo que as marcas passaram a oferecer, numa primeira fase e, mais recentemente, até a incentivar. Alinhando por esta bitola, o Arona começa por desafiar a vesti-lo à sua maneira, optando primeiro por uma das várias cores para a carroçaria, para depois fazer o mesmo com o tejadilho, que pode surgir na cor da carroçaria, ou em laranja, cinzento ou preto, oferecendo um total de 68 combinações possíveis, garantindo assim que o seu SUV dificilmente será igual ao do seu vizinho. E, em caso de dúvida, um generoso X no pilar traseiro recorda, aos mais distraídos, que estamos perante um dos SUV da marca espanhola.

Depois de o vestir por fora, o condutor pode decorá-lo a seu gosto por dentro, com o Arona a oferecer algumas soluções similares às que vimos no Ibiza. Assim, é possível jogar com as cores ostentadas em zonas específicas dos painéis de portas e tablier, isto além dos assentos, que podem ser ou não contrastantes com os tons exibidos na carroçaria. E os mais discretos (ou envergonhados) podem ficar descansados, pois apesar de todos os esforços dos designers do fabricante, podem sempre mandar pintar tudo de preto e ter um veículo, cromaticamente, muito similar ao Ford T…

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Pequeno por fora, mas grande lá dentro

O Arona tem como base a plataforma que também serve o Ibiza, além do Polo e de outros modelos do grupo. Mas isso não impediu o construtor espanhol de o moldar às suas necessidades, a ponto de se poder bater pela liderança em matéria de espaço interior, seja no habitáculo ou na bagageira.

Com 4,138 metros de comprimento, o Arona possui mais 7,9 cm do que o Ibiza, sendo igualmente 11 cm mais alto, o que explica a sensação que se tem, à primeira vista, de estarmos perante um veículo de um segmento superior. Se 4,1 metros de comprimento não intimidam quem pretende enfrentar todos os dias o trânsito nas grandes cidades, a realidade é que esta pequena diferença garante um habitáculo mais espaçoso, especialmente em altura, com a posição mais elevada do banco a assegurar que os ocupantes têm igualmente mais espaço para as pernas. Face à concorrência, e segundo o fabricante de Barcelona, o novo SUV é líder no segmento no espaço para quem se senta à frente, e um dos maiores em termos de volumetria atrás.

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Em matéria de mala, ao disponibilizar 400 litros, o Arona ultrapassa o Ibiza (que é dos mais generosos entre os veículos utilitários,) em 45 litros, ou seja, em 12,7%. Curiosamente, apesar de ser mais comprido e alto, o novo SUV pesa apenas mais 43 kg (para a mesma motorização) do seu colega, com quem partilha a plataforma, o que deixa antever o esforço que foi realizado para conter o peso, sobretudo com o recurso a aços de alta resistência. A qualidade de construção é boa e os materiais também, sendo similares aos que equipam o Ibiza, ou seja, plásticos agradáveis à vista e ao tacto, mas duros.

Mais alto e com maior distância em relação ao solo, o Arona é menos eficaz no que respeita à aerodinâmica, reivindicando um Cx de 0,37 (contra 0,33 do Ibiza) e uma superfície frontal de 2,22 (contra 2,13), o que explica um SCx total de 0,82, relativamente mais elevado do que o utilitário da marca espanhola, que se fica pelos 0,70.

Motores para todos os gostos

Para já, o Arona é proposto exclusivamente com motores a gasolina (todos eles com injecção directa e turbocompressor), sempre com base no motor 1.0 TSI de três cilindros em linha, mas com versões de 95 e 116 cv.

Esta unidade pequena e leve é capaz de levar o modelo até aos 173 e 182 km/h, consonante a potência, para ultrapassar a fasquia dos 100 km/h em 11,6 e 9,8 segundos, isto enquanto anuncia, em ambos os casos, um consumo médio de 4,9 litros/100 km, já de acordo com as novas normas, substancialmente mais próximas da condução real.

No próximo ano vai ser disponibilizado o motor 1.6 TDI, igualmente com duas versões, com 95 e 116 cv, bem como aquele que promete ser o mais desportivo da gama. Trata-se do novo motor 1.5 TSI com quatro cilindros e 150 cv, que transforma o Arona quase num pequeno desportivo – tanto mais importante quanto o SUV não vai possuir uma versão Cupra –, sendo capaz de atingir 205 km/h de velocidade máxima e os 100 km/h em 8 segundos. O mais interessante é que é em matéria de consumos que esta unidade motriz mais surpreende, ao anunciar uma média de somente 5,1 litros, o que é conseguido à custa da possibilidade de desligar dois dos cilindros, quando a circular com pouca pressão no acelerador, reduzindo drasticamente o consumo e as emissões.

O segmento dos pequenos SUV é, há já algum tempo, um dos mais disputados do mercado nacional e europeu

Segurança e conectividade

Também nos modelos de menores dimensões, e preço a condizer, o cliente tende a não facilitar no que ao equipamento diz respeito, pelo que também aqui o Arona teve que se esforçar para estar à altura das exigências.

Para incrementar a segurança, o novo Seat oferece – de série em algumas versões e como opcional nas restantes – a travagem de emergência com detecção de peões, em que o modelo opera automaticamente os travões se um embate na cidade estiver iminente, e o aviso de veículos no ângulo morto, para impedir toques no parceiro do lado quando, inadvertidamente, decidimos mudar de faixa sem nos apercebermos que estamos a ser ultrapassados. Igualmente importante é a disponibilização de soluções como a detecção de fadiga no condutor e o alerta de trânsito nas manobras de marcha-atrás.

Mas além destes, existem ainda sistemas que visam facilitar a tarefa dos condutores, como o assistente de trânsito, que mantém o veículo dentro da sua faixa de rodagem e à distância segura do carro da frente, o cruise control activo e ainda o assistente de estacionamento, que torna mais fáceis as manobras para parar em qualquer lado, seja em paralelo, entre dois ou em oblíquo.

Numa época em que todos os seres humanos parecem estar ligados ao mundo através dos seus smartphones, o novo SUV não podia ficar para trás, pelo que oferece os últimos sistemas de conectividade, que são acessíveis através do ecrã central de 8″. Seja através do MirrorLink, do Android Auto ou do Apple CarPlay, é fácil tornar o veículo uma extensão do seu telemóvel, sendo que este pode ser ainda colocado numa zona de recarga por indução, que também serve para maximizar o alcance da antena, optimizando a cobertura.

E ao volante como é?

A unidade do Seat Arona que tivemos oportunidade de conduzir estava equipada com o motor 1.0 TSI de 116 cv, ou seja, o mais possante entre os que estão disponíveis até final de 2017. Num percurso misto, que começava por uma zona de auto-estrada, o SUV espanhol começou por nos tranquilizar quanto ao conforto, com os bancos a susterem bem o corpo, ajudados por uma posição mais elevada (5 cm à frente e 6 cm atrás), que faz maravilhas à visibilidade e à capacidade de estar sentado mais tempo, o que é bom para as viagens mais longas. Nestas condições, o peso reduzido do conjunto facilitava as retomas de velocidade e o consumo nunca ultrapassou os 5,5 litros, um bom valor para este segmento, entre as unidades a gasolina.

Com a chegada da montanha, com as suas estradas mais retorcidas, o Arona mostrou o seu jogo ou, pelo menos, as opções do fabricante. E estas consistiram em optimizar o comportamento em asfalto, tentando satisfazer os condutores que sempre conduziram automóveis convencionais e que poderão estar pouco interessados em estar aos comandos de um modelo menos eficaz e menos ágil, ou divertido de conduzir. Equipado com pneus normais – nada de M+S, que são bons para terra, mas maus em alcatrão, especialmente quando está molhado –, o Seat revelou-se à vontade e suportou os maus-tratos que resolvemos infligir-lhe, exibindo sempre uma direcção precisa e um chassi eficaz.

Entre as cores para a carroçaria e para o tejadilho, há 68 combinações possíveis para que cada um possa vestir o Arona a seu gosto

É claro que não podíamos terminar o ensaio de um SUV, mesmo que pequeno, sem um baptismo de terra, mais que não seja para ver até que ponto estava à altura da “farda” que tinha vestida. À semelhança do que é habitual neste segmento, o Arona usufrui de apenas tracção às rodas da frente, pelo que escalar obstáculos mais radicais não é a sua praia. Mas embalando aqui e acelerando um pouco mais acolá, sempre o conseguimos levar até onde poucos proprietários arriscarão algum dia conduzi-lo – sobretudo para não o estragar –, confirmando os benefícios da maior altura ao solo e dos melhores ângulos, devido às rodas estarem colocadas nas extremidades da carroçaria.

Faltava saber se a optimização do comportamento em asfalto comprometia o à-vontade para rodar em piso de terra. E a verdade é que não. É certo que os pneus 205/55, montados em jantes de 17″, têm um perfil muito baixo para garantir o necessário conforto em pisos mais degradados, mas o construtor espanhol conseguiu ainda assim encontrar uma solução capaz de assimilar o mau piso, sem que o carro ande constantemente aos saltos. Para isto deve ter contribuído o facto de a suspensão ter mais 3 cm de curso, impedindo-nos de chegarmos ao batente. Curiosamente, o comportamento pode ainda ser mais eficaz, tanto em asfalto como em terra, nas versões FR, equipadas com suspensões de dureza variável, o que permite que o carro seja ainda mais duro e mais eficaz, para rodar depressa em asfalto e, depois, ser mais macio em pisos de terra, uma vez que dureza dos amortecedores corresponde aos diferentes modos de condução.

Preços a partir de 17.805€. Mas…

O Seat Arona está à venda em quatro níveis de equipamento, respectivamente Reference, Style, Xcellence e FR, que tradicionalmente é o mais desportivo e um dos mais procurados. De momento, apenas estão disponíveis os motores 1.0 TSI, sendo que a versão de 95 cv surge associada exclusivamente aos níveis de equipamento mais acessíveis, com a versão mais potente a ficar reservada para os Arona mais bem equipados, ou seja o Xcellence e o FR.

Os preços do novo Arona arrancam nos 17.805€, relativos ao Reference equipado com caixa manual de cinco velocidades e motor 1.0 TSI de 95 cv, podendo consultar aqui os restantes os preços das restantes versões. Mas é bom ter presente que estes são os preços ‘normais’, sendo previsível, como sempre acontece com todas as marcas neste segmento – e em outros também – que os concessionários tenham condições (vulgo preços) bem mais convidativas para apresentar aos potenciais clientes, sobretudo até final do ano.