Pacheco Pereira disse ter sido convidado por Santana Lopes para fundar um novo partido para disputar eleições com o PSD. Esta quinta-feira, no programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias, o comentador contou que, em 2011, “já era Passos Coelho presidente do partido”, recebeu um “telefonema” do atual candidato à liderança do PSD para se encontrarem.
O encontro deu-se no Hotel da Lapa, em Lisboa. “Santana Lopes diz-me o seguinte — e isto não disse só a mim, disse a outras pessoas, portanto não vale a pena estar a negar: que queria fazer um outro partido. Estava muito indignado porque no PSD estava a haver uma transição de pessoas que o «enojava» — e cito aqui as palavras — entre os apoiantes de Manuela Ferreira Leite e que agora estavam todos a ‘passar-se’ para Pedro Passos Coelho. E isso levava-o a considerar que o PSD estava morto, já não tinha salvação e queria fazer um novo partido — e não era um movimento, como agora diz em relação à tentativa anterior, era um novo partido.”
De acordo com Pacheco Pereira, esse novo partido que Santana Lopes queria fundar iria “disputar eleições com o PSD“. O comentador disse ter ficado “um pouco” surpreendido e que levantou “algumas objeções”, referindo que “para se fazer um partido é preciso assinaturas, é preciso tempo, criar um estrutura orgânica”, ao que Santana Lopes terá respondido que “não era isso que era o problema”.
“Ao que eu depois lhe disse: «mas estás mesmo a pensar fazer um partido contra o PSD? Isso é uma coisa que não tem sentido nenhum». E disse-lhe que não. Essa mesma pessoa [Santana Lopes], poucas semanas depois, já estava a fazer campanha por Passos Coelho.”
Para Pacheco Pereira, isto contraria aquilo que Santana Lopes tem vindo a dizer ao longo da sua campanha para a liderança do PSD, acusando o antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa de atuar contra o PSD.
“Esta conversa entra em direta contradição com tudo o que ele anda a dizer em campanha. Em prefiro que estas coisas sejam discutidas — qual é o problema de discutir esta questão? A uma dada altura, ele achou que o partido estava morto e devia fazer-se outro, agora não venha dizer que nunca atuou contra o PSD, que nunca atacou Passos Coelho. Nada disso é rigorosamente verdade.”
Santana acusa Pacheco de o querer “denegrir” e nega encontro na Lapa
Santana Lopes negou esta quinta-feira à noite que se tenha encontrado com Pacheco Pereira em 2011, num Hotel da Lapa para o convidar para integrar o movimento político que queria criar. Numa sessão com militantes em Aveiro, o candidato à liderança do PSD voltou a visar os apoiantes de Rui Rio que foram desaparecendo na campanha. Santana atirou ao “mais escondido de todos só apareceu hoje à noite [quinta-feira] na Quadratura do Círculo”, garantindo que Pacheco Pereira mentiu ao dizer que Santana o convidou para o movimento político que queria criar à margem do PSD. “Vejam ao ponto que chega para tentar denegrir, denegrir, denegrir…”
Pacheco Pereira falou expressamente na alegada criação de um partido político mas Santana Lopes fala sempre em movimento político. A divergência é simples de explicar: como o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa sempre negou que tenha desejado fundar um partido, apenas se refere a um “movimento político”.
O candidato à liderança do PSD visou ainda outros “escondidos” daquele que chama de “grupo maravilha”. Primeiro Nuno Morais Sarmento: “O próprio mandatário de Rui Rio disse que, se tudo ficasse na mesma, valia mais votar António Costa e nunca mais apareceu”. Depois, o antigo presidente da secção A e ex-líder distrital António Preto — o chamado homem da mala: “Os que foram ao programa do Cinco para a Meia Noite, muito conhecidos, tiraram uma foto, mas desapareceram”.