A presidência de Donald Trump tem sido constantemente abalada por casos como da alegada interferência russa na campanha e, agora, uma vez mais, as opiniões de Trump sobre as pessoas oriundas de alguns “países de trampa”. Mas, se esquecermos tudo isso, diz o banco suíço UBS que Trump merece “nota alta” no que diz respeito à economia e política fiscal. Ainda assim, se Trump exagerar na dose de protecionismo ou se entrar em guerra com a Coreia do Norte, pode deitar tudo a perder.
A opinião do UBS foi transmitida por Mike Ryan, que lidera a equipa de investimento do UBS Wealth Management para o continente americano, num encontro de investidores em Singapura. O pacote fiscal recentemente aprovado nos EUA, pela maioria republicana no Congresso, é o principal fator que ajudará a tornar o país mais “amigo” dos investidores externos e um local onde as empresas têm a vida um pouco mais facilitada. A opinião do UBS é que, por entre as sucessivas polémicas, alguns investidores tendem a subestimar o possível impacto dos esforços que, na sua ótica, Trump tem feito para reformar a economia norte-americana.
A julgar pelo desempenho dos mercados bolsistas nos últimos meses, esta não é uma opinião assim tão invulgar: os índices bolsistas estão em máximos históricos, com o Dow Jones Industrials, por exemplo, a superar recentemente os 25.000 pontos (tinha ultrapassado os 20.000 pontos entre o momento em que Trump foi eleito e a altura em que tomou posse).
Bolsa dos EUA supera recorde acima de 25 mil pontos pela primeira vez
Trump “alterou a perceção [de muitas pessoas] sobre aquilo que é possível fazer em Washington”, afirma Mike Ryan. “Julgo que antes desta eleição, as perspetivas de uma reforma fiscal, de algum alívio regulatório [designadamente, na banca], ou qualquer tipo de abordagem sensata sobre o tema das infraestruturas estavam fora de questão”, acrescenta o estratega de investimentos, citado pela CNBC.
Quem fica a ganhar (e a perder) com a reforma fiscal de Trump
Ryan gostaria, mesmo, que Trump tivesse ido “mais longe” no pacote fiscal. Ainda assim, o UBS dá boa “nota” a Trump. Além disso, Trump nomeou para a liderança do banco central norte-americano — a Reserva Federal — um homem que os investidores acreditam será sensível aos argumentos do setor financeiro para uma menor regulação (Jay Powell). Ao contrário dos seus antecessores, Powell não é um economista, um académico, mas é alguém que sempre trabalhou na banca privada e em organismos públicos ligados à banca e finanças.
Todos estes são fatores que tornam possível que a economia dos EUA continue no período “dourado” que tem vivido nos últimos anos: crescimento positivo, inflação baixa e política monetária relativamente acomodatícia.
Contudo, um outro estratega do UBS, Mark Haefele, que tem responsabilidades sobre o investimento não só nas Américas mas em todo o mundo. Para Haefele, as políticas protecionistas ou um conflito com a Coreia do Norte podem inverter o cenário positivo que se vive.