O Correntes d’Escritas regressa a 20 de fevereiro para mais uma edição. O festival literário da Póvoa de Varzim, dedicado à literatura de expressão portuguesa e espanhola, vai receber, até ao dia 24 de fevereiro, dezenas de autores e tradutores que irão falar sobre o ato da escrita e o papel da literatura e do escritor no mundo. Eric Nepomuceno, Michael Kegler, Alicia Kopf e Kalaf Epalanga são alguns dos nomes que vão passar pelo festival, que terminará a 24 de fevereiro. O moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa, que publicou recentemente em Portugal, pela Porto Editora, um romance sobre Gungunhana, o último imperador de Gaza, também vai estar presente.
Os encontros entre escritores serão, como sempre, umas das principais iniciativas do Correntes d’Escritas, que chega este ano à 19ª edição. Ao todo, serão realizadas 11 mesas redondas (uma delas fora da Póvoa de Varzim), sempre no Cine-Teatro Garrett, a começar já a 21 de fevereiro. Nesse dia, pelas 17h30, Ana Luísa Amaral Arménio Vieira, Fernando Pinto do Amaral, Filipa Leal e Maria Antónia Palla, moderados por José Carlos de Vasconcelos, irão conversar em torno do tema “Hoje são estas as palavras, amanhã não sei”. No dia seguinte, às 18h, Bruno Vieira Amaral, Inês Pedrosa, Eric Nepomuceno — recentemente publicado pela primeira vez em Portugal –, Filipa Melo e Uberto Stabile vão falar sobre escrever “para não salvar o mundo”.
A 23 de fevereiro, pelas 10h, será realizada a quinta mesa redonda do festival literário. Com o título “O que escrevo atormenta o que sou”, o encontro irá reunir Afonso Cruz, João Tordo, Sandro William Junqueira, o angolano Helder Simbad e a cubana Karla Suarez. “O politicamente correto é a nova censura” será discutido no mesmo dia, pelas 22h, por Daniel Munduruku, Isabel Lucas, Mário Zambujal, Rodrigo Guedes de Carvalho e Rui Zink. A conversa será moderada por Henrique Cayette. Antes disso, haverá outras duas mesas, às 15h e 17h, com os temas “Escrevo para me desacorrentar da verdade” e “Escrevo, logo sou”, esta última no âmbito do “Correntes a 3”.
No último dia do festival, 24 de fevereiro, serão realizadas duas mesas. A primeira, às 10h, irá juntar Álvaro Domingues, Carmen Yáñez, Cristina Norton, João Paulo Sousa e Ungulani Ba Ka Khosa, que irão falar da “imparcialidade da escrita”. O encontro será conduzido por João Gobern. Da parte da tarde, às 15h, a mesa redonda terá como tema “Entre mim e a escrita, o purgatório” e vai juntar Alicia Kopf, Daniel Jonas, José Luiz Tavares, Luís Sepúlveda e Onésimo Teotónio Almeida. A moderação estará a cargo da jornalista Maria Flor Pedroso.
Já fora do Correntes d’Escritas, mas ainda relacionado com este, haverá uma mesa redonda a 27 de fevereiro no Instituto Cervantes, em Lisboa. Quem não passar pelo festival da Póvoa de Varzim, terá nessa data oportunidade de ver e ouvir os escritores Allicia Kopf, Eric Nepomuceno, Filipa Melo e Renato Cisneiros. O tema do encontro — marcado para as 18h — é “A realidade arruína o que escrevo”.
Durante o festival, será ainda atribuído o Prémio Literário Casino da Póvoa. Este destina-se a premiar anualmente a uma obra em língua portuguesa, editada em Portugal, e escrita por um autor de língua portuguesa ou castelhana/hispânica. O galardão é atribuído nos anos pares a uma novela ou romance e nos anos ímpares a poesia. Assim, este ano, distinguirá uma obra em prosa e terá um valor de 20 mil euros. O prémio será entregue na cerimónia de encerramento do Correntes d’Escritas. Além deste, o Correntes d’Escritas têm ainda outros três galardões — o Prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus, o Prémio Literário Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas Porto Editora e o Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha
O primeiro é atribuído todos os anos a um conto ou poema inéditos, escrito por um jovem entre os 15 e os 18 anos. Já o Prémio Literário Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas Porto Editora destina-se, como o próprio nome indica, a um conto infantil ilustrado inédito escrito por um aluno que frequente o 4.º ano de escolaridade, enquanto o Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha tem como objetivo premiar uma obra (romance, conto ou poesia) nunca antes publicada sobre a Póvoa de Varzim.
E além das mesas redondas?
Haverá ainda várias iniciativas paralelas, realizadas em outros locais da Póvoa de Varzim. Um encontro realizado na Fundação Dr. Luís Rainha irá reunir três tradutores — Rita Ray, tradutora para Bengali, Michael Kegler, tradutor para alemão, e Rui Zink, tradutor para português — que irão discutir como “Traduzir é encolher o mundo”. No Cine-Teatro Garrett irá falar-se de fotografia: o argentino Daniel Mordzinski, conhecido como o “fotógrafo dos escritores”, vai juntar-se a Luís Sepúlveda para discutir como “A fotografia revela o que escondem as palavras”. A 21 de fevereiro, Valter Lobo, João Paulo Cotrim e Valério Romão irão reunir-se no Hotel Axis para falar de palavras e de música.
A exposição Júlio Resende na Póvoa de Varzim. Desenhos — anos 50 será inaugurada a 20 de fevereiro no Museu Nacional de Etnografia e História da Póvoa de Varzim. Ficará patente até 31 de agosto. Uma outra mostra, Um Realismo Cosmopolita: em torno do Grupo KWY, organizada em colaboração com a Fundação Serralves, ficará na Sala de Atos do Cine-Teatro Garrett até 11 de março. Haverá ainda poesia nas ruas, com Isaque Ferreira, João Rios, Rui Spranger e Renato Filipe Cardoso.