A organização não-governamental Oxfam admitiu que alguns dos seus funcionários contrataram prostitutas no Haiti, durante a operação de ajuda depois do devastador terramoto que destruiu o país em 2010. A investigação do The Times, publicada esta sexta-feira, conta que já foi feito um inquérito interno que levou ao despedimento de várias pessoas.

Depois do terramoto do Haiti, mais de 200 colaboradores da Oxfam começaram a trabalhar na ilha: o desastre natural matou cerca de 220 mil pessoas e deixou um milhão e meio de pessoas sem casa. Foi um ano depois, em 2011, que uma denúncia sobre a conduta imprópria de alguns trabalhadores chegou à sede da ONG, em Oxford, no Reino Unido. A administração da Oxfam colocou em curso uma investigação interna que, até sexta-feira, tinha conseguido manter em segredo.

A reportagem do The Times revela que o diretor da missão da Oxfam no Haiti contratou prostitutas e convidou-as para a propriedade alugada pela ONG com dinheiro de doações: por ano, a organização recebe 340 milhões de euros entre fundos do Governo britânico e doações públicas.

Organizavam grandes festas com prostitutas. As miúdas vestiam camisolas da Oxfam, seminuas, era como uma orgia. Foi incrível. Foi louco. Numa das festas havia pelo menos cinco raparigas”, contou uma fonte ao jornal inglês, acrescentando que um dos residentes na casa lhe mostrou imagens de uma orgia, que guardava no telemóvel.

A Oxfam admitiu o escândalo mas negou ter encoberto o caso para proteger a reputação da organização. Em declarações à France Presse, o porta-voz da ONG revelou, ainda, que existem testemunhos de que algumas das raparigas contratadas eram menores de idade, mas “não foram provados”. A organização condena a conduta dos trabalhadores e defende que não notificou as autoridades do Haiti por considerar que “era extremamente improvável que fosse tomada alguma medida”.

Roland van Hauwermeiren, o diretor da Oxfam no Haiti, não foi despedido e foi-lhe oferecida “uma saída gradual e digna” caso colaborasse com a investigação. Renunciou ao cargo que ocupava e saiu sem sequer um processo disciplinar. Depois da publicação da reportagem, outros dois membros da direção foram despedidos por contratação de prostitutas, assédio e por mentirem nos currículos. Outros quatro funcionários foram afastados por conduta inapropriada, que ia desde contratar prostitutas até possuir “material pornográfico e ilegal” no computador da ONG.

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