É no deserto de Omã, perto da Arábia Saudita, que seis astronautas análogos estão a “aprender” a viver em Marte — e um deles é português. O objetivo é simular as condições vividas no Planeta Vermelho.
João Lousada é licenciado em Engenharia Aeroespacial e é engenheiro de Operações de Voo na GMV, na Alemanha. Em conjunto com outros seis astronautas tem estadia marcada no deserto até ao final do mês. Estão numa simulação do ambiente e das condições de Marte, e até o local foi escolhido ao pormenor.
Investigadores do o Forum Espacial Austríaco, em parceria com o Comité de Direção de Omã, desenvolveram a expedição AMADEE-18 e criaram, no deserto, algumas semelhanças com Marte, com a esperança de que um dia os humanos realmente lá possam viver.
[Trailer da missão AMADEE-18 que “aterrou” no deserto de Omã]
Uma outra equipa deste projeto vai estar no Centro de Apoio à Missão, na Áustria, e comunica com a “base marciana” com um atraso de 10 minutos, para simular o tempo que as mensagens demoram a ir de um planeta ao outro. O projeto tem um custo de cerca de meio milhão de euros, oriundos, maioritariamente de doações privadas, adianta a TVI.
We were so lucky today when going out to #simualteMars EVA. A dust devil passed by ???? #AMADEE18 pic.twitter.com/8y9JUYp7N4
— Austr. Space Forum (@oewf) February 9, 2018
“Precisamos de um sítio que seja o mais possível parecido com Marte, e foi aqui, no deserto de Omã, que encontramos mais semelhanças”, refere, num vídeo publicado pela BBC o Presidente do Forum Espacial Austríaco, Alexander Soucek.
https://www.facebook.com/AA.Joao.Lousada/posts/1671113586300069
Para que a experiência seja o mais real possível, os voluntários usam fatos que pesam aproximadamente 50kg e simulam a pressão sentida no planeta vermelho. Mas esse não é o maior desafio: há que conseguir fazer crescer vegetais em sítios onde parece impossível fazê-lo, e suportar temperaturas que podem chegar aos 51 graus centígrados.
[Vídeo explicativo do projeto, com João Lousada]
Num vídeo onde explica o projecto, João Lousada diz que as experiências são “emocionantes”, e que a complexidade em cada uma das missões é crescente. “Podemos olhar para os próximos 20 a 30 anos e pensar que poderemos ver, por essa altura, as primeiras pegadas humanas em Marte. Significa que, se calhar, a primeira pessoa a caminhar em Marte já nasceu”, conclui João.
Nos últimos dias, João tem aproveitado para partilhar, através das redes sociais, algumas fotografias do local onde os seis colegas estão.
https://www.facebook.com/AA.Joao.Lousada/photos/a.800989696645800.1073741828.794863783925058/1674204245991003/?type=3&theater
Os pormenores desta experiência no deserto de Omã podem ser acompanhados através do site do Forum Espacial Austríaco, e através do Twitter, Instagram e Facebook do projeto.
Esta semana foi lançado um foguetão em direção a Marte, pela empresa SpaceX, de Elon Musk, que se dedica à engenharia aeroespacial e aos serviços de transporte extraterrestre. O foguetão Falcon Heavy descolou de uma plataforma de lançamento alugada à NASA, mas, devido a um engano, o trajeto não vai ser o esperado: poderá ficar mais próximo da órbita de Júpiter.