Os prejuízos anuais do Novo Banco não se ficarão pelos mil milhões de euros, como noticiou o Expresso este sábado. Segundo o Negócios desta terça-feira, as perdas vão ser ainda maiores: entre 1,6 mil milhões e 1,8 mil milhões de euros. Esta é uma consequência, em grande parte, do reforço de imparidades que já vem dos anos anteriores mas que vai continuar em 2017, o ano em que 75% do capital foi vendido à Lone Star e 25% ficou com o Fundo de Resolução.

2017 é, também, o último ano em que é a PwC que está a auditar as contas do banco e a calcular as necessidades de provisionamento. A partir de 2018 passa a ser a consultora EY a ter esse papel. A confirmar-se o valor, o Novo Banco será o único banco português a ter prejuízos em 2017 e subirá para cerca de quatro mil milhões de euros o montante registado pelo banco em imparidades, desde a sua criação em 2014. No entanto, esta segunda-feira, o secretário de Estado do Tesouro, Mourinho Félix, disse que ainda não tinha sido comunicado ao Governo a necessidade de injetar mais fundos no capital do Novo Banco.

Nas contas de setembro o banco falava numa carteira de 10 mil milhões em crédito malparado, cerca de um terço de todo o crédito total. Com este reforço de imparidades, o Novo Banco poderá aproximar a proporção da carteira de crédito em risco da média do setor (CGD cerca de 12% e BCP cerca de 9%). Os resultados de 2017 só deverão ser divulgados em Março.

Este reconhecimento de imparidades (perdas) reflete, por um lado, as exigências das autoridades europeias que querem limpar rapidamente o crédito malparado, mas também serve o objetivo do novo acionista que pretende acelerar o regresso aos lucros. O fundo americano que comprou o Novo Banco pode vender ao fim de três anos, tendo por isso pressa em rentabilizar o ativo.

O reconhecimento de mais perdas deverá criar novas necessidades de capital no banco já este ano, ativando a cláusula no acordo de venda que prevê a injeção de recursos por parte do Fundo de Resolução, que é uma entidade pública. No entanto, as condições acordadas com a Lone Star também determinam que apesar deste ativos serem geridos pelo Novo Banco, a última palavra sobre a constituição de provisões para perdas é do Fundo de Resolução.

Certo é que o Governo já consagrou no orçamento uma almofada de 850 milhões de euros para a eventualidade de ter financiar o Fundo de Resolução numa nova injeção de capital no Novo Banco. O jornal ECO assegura entretanto que a injeção de capital público ficará abaixo desse limite. O Fundo de Resolução é responsável pela assunção de perdas até 3,89 mil milhões de euros nos ativos tóxicos que a Lone Star quis excluir da compra do Novo Banco, mas apenas no caso de estas perdas levarem a uma descida dos rácios que provoque necessidades adicionais de capital. Mourinho Félix disse, entretanto, que um empréstimo do Estado só avançará se o Fundo de Resolução não tiver recursos próprios para colocar mais capital na instituição liderada por António Ramalho.

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