Diogo Piçarra conseguiu este domingo um feito que ainda não tinha sido atingido nesta edição do Festival da Canção: ser o mais votado pelo júri e pelo público em simultâneo. Em declarações ao Observador, o cantor que levou “Canção do Fim” a concurso mostrou-se satisfeito: “Senti-me orgulhoso da prestação, acima de tudo. O que vinha cá fazer fiz bem feito e acho que deixei as pessoas que me seguem orgulhosas. Dormia bem esta noite mesmo que ficasse em último.”

O cantor algarvio afirmou que “não queria fazer má figura”, até pela “pressão” que lhe colocaram em cima dos ombros, “por ser o Piçarra e por já ter alguns anos de carreira. Queria deixar isso de lado e mostrar o meu valor. Acho que correu muito melhor do que nos ensaios”. O sentimento é, assim, de “missão cumprida”.

É uma grande coincidência a opinião do púbico combinar com a dos jurados, isso é raro acontecer. Não aconteceu na outra semi-final [a primeira], não sei se com o Salvador aconteceu [não aconteceu: na sua semi-final, em 2017, Salvador Sobral foi o favorito do júri mas não do público, que então preferiu “Nova Glória”, de Nuno Gonçalves, cantada pelos Viva la Diva]. Foi tudo uma boa surpresa.

Esse fator acrescenta responsabilidade à prestação na final? “Um pouco”, assume Diogo Piçarra ao Observador. “Mas acho que o júri e o público já escolheram [a canção vencedora], porque já sabem quem são os finalistas. O público já ouviu e sinto que está mais do que escolhido o representante de Portugal na Eurovisão. Espero que a escolha seja feita com responsabilidade porque temos de repetir o mesmo feito do ano passado”. Esse feito foi o de honrar o país no festival, explicou o cantor, acrescentando que há que ter a ambição de, pelo menos, “ficar no top 3. Era importante continuar este caminho da música portuguesa porque nós somos bons”.

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Dizer mal do festival ninguém leva a mal: a segunda semifinal, canção a canção

Na final — agendada para o próximo domingo, 4 de março –, Diogo Piçarra pensa “inovar um pouco o espetáculo. Como é no Multiusos [de Guimarães] poderá ser possível abrilhantar um pouco” o cenário. O que o cantor quer é que, tal como nesta segunda semi-final, a sua canção, de tom interventivo (com versos como “Tu olhas para tudo / e não vês nada / só o teu futuro / na ponta da arma” e “Podem fazer muros / mas não tapam a alma”), seja compreendida: “Eu vim aqui transmitir uma mensagem. Quis afastar-me do Diogo Piçarra que as pessoas conhecem e quis que esta música falasse mais alto”.

Ao todo, Diogo Piçarra somou 24 pontos nesta semi-final, o máximo de pontos possível, atribuído pelo júri (12) e público (outros 12). Entre os finalistas que se se seguem, a nível de pontuação, estão Peu Madureira (com 22 pontos, conseguidos com a canção “Só por Ela”), Cláudia Sobral (“O Jardim”, com 20) e Janeiro e Catarina Miranda (ambos com 16, respetivamente com as canções “(sem título)” e “Para Sorrir Eu Não Preciso de Nada”). Conheça os 14 finalistas que lutam por uma presença no Festival Eurovisão da Canção aqui e leia ainda as reações de alguns dos concorrentes mais votados na primeira semi-final.

Janeiro em entrevista: “Dizem-me de ‘devias morrer’ a ‘és o maior’. Não dá para controlar o que as pessoas pensam”