Tentamos traçar um paralelismo entre a vitória do Sporting em Tondela e esta noite, em Alvalade, frente ao Moreirense. As nuances, que existem, são mínimas: os leões voltaram a ficar reduzidos a dez unidades aos 60′ (depois de Mathieu, Petrovic também foi expulso), voltaram a ganhar nos descontos (Coates marcou aos 90+8′, Gelson Martins fez o golo aos 90+2′), voltaram a ver o herói da partida a tirar a camisola (sendo que o uruguaio não viu amarelo e o internacional português não evitou o segundo), voltaram a responder aos triunfos dos rivais na luta pelo título com três pontos. Maior diferença de todas? A flash interview e a conferência de Jorge Jesus.

À beira do precipício, ele travou. E a seguir deu um passo em frente (a crónica do Sporting-Moreirense)

Em Tondela, e apesar de ter trocado umas bocas com adeptos no final do encontro (fora a confusão no túnel de acesso aos balneários, que ainda ninguém percebeu ao certo o que aconteceu mas que obrigou à intervenção de mais seguranças do que estavam no local e a que o árbitro João Capela esperasse uns momentos no relvado antes de avançar para a zona com os assistentes), o técnico verde e branco estava relativamente calmo, deu a sua visão sobre os minutos de compensação concedidos e admitiu que era complicado uma equipa perder assim; esta noite, após o 1-0 com o Moreirense, o treinador teve uma intervenção explosiva entre críticas e elogios.

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As bocas de Jesus para a bancada, um vermelho e a confusão no túnel: o final do Tondela-Sporting

Crítica número 1: a expulsão de Petrovic (pelo quarto árbitro). “É muito fácil expulsar os jogadores do Sporting. Tivemos uma vitória difícil, mais uma vez a jogar com dez. A expulsão dele foi injusta. Este quatro árbitro, José de Almeida, mandou o árbitro expulsar o Petrovic, a dizer que era uma jogada de amarelo. Se virem as imagens, o Petrovic não toca no jogador [Jesus falou em Tozé, mas foi Zizo]. Num lance de dúvida… Era o momento certo para o Sporting ficar com menos um e ter mais dificuldades. Mas estes jogadores foram uns autênticos leões”, defendeu o técnico leonino. Nuance: apesar de ser a segunda expulsão seguida na Liga e de novo por acumulação de amarelos (Gelson Martins viria também a sair mais cedo da mesma forma), o Sporting não tinha visto qualquer jogador ser sancionado com vermelho nas primeiras 22 jornadas do Campeonato.

Elogio número 1: o carácter dos jogadores. “Como é óbvio, assim custa mais. Ristovski, Piccini, Fábio Coentrão, Palhinha, William, todos com um ataque gripal fora da equipa… Mais o Doumbia, que jogou meio abanado e com febre, mas tinha de ir para o jogo. E com um jogador a menos… Os meus jogadores foram espectaculares e os adeptos lá bateram palmas depois de estarmos a ganhar 1-0”, comentou, antes de dar o exemplo concreto de William já na conferência de imprensa: “Hoje tinha 39º de febre e disse que queria jogar…”.

Crítica número 2: a postura dos adeptos do Sporting. “Os adeptos não souberam ajudar a equipa, começaram a assobiar quando estava a jogar com dez e precisava de ajuda. Há que partilhar o sacrifício que os jogadores tiveram hoje porque metade da equipa está doente e não pôde jogar. Em vez de perceberem isso, foi ao contrário. Estes jogadores mereciam ser ovacionados e não que assobiassem”, apontou Jorge Jesus.

Elogio número 2: a campanha que a equipa tem feito esta temporada. “Mais uma vez, os meus jogadores mostraram que são dignos de vestir esta camisola. Estamos nas frentes todas. É isto que o Sporting estava habituado todos os anos e queremos disputar todas as decisões. Só para lembrar: Sporting está nos oitavos de final da Liga Europa, está a disputar o Campeonato, está na meia-final da Taça de Portugal e já ganhou a Taça da Liga. Está nas frentes todas e é isto que tem de ser qualificado e acrescentado. Esta equipa não vira a cara e merece ter sorte, carinho, mas não é só quando ganha. Hoje ganhou mais uma vez, mas merece ter carinho sempre”, ressalvou.

Crítica número 3: a expulsão por acumulação de Gelson Martins. “O que posso dizer da expulsão do Gelson… O que posso dizer… O Gelson emocionou-se, tem no coração Rúben Semedo, quis oferecer o golo ao Rúben Semedo e sexta-feira, no Dragão vai para a bancada, vai para a bancada ver o jogo com o Rúben Semedo”, atirou o treinador verde e branco na última resposta ainda na zona de entrevistas rápidas.

“Contigo até ao fim do mundo”: Gelson Martins dedica golo a Rúben Semedo e é expulso