Começa esta terça-feira mais um Festival Literário da Madeira (FLM), que irá decorrer até dia 17 de março no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal. A edição deste ano terá como tema “Literatura e Jornalismo, a palavra que prende e a palavra que liberta” e irá juntar escritores de várias nacionalidades, numa rara passagem pela ilha da Madeira. Eleanor Catton, Ottessa Moshfegh, Sofi Oksanen e Javier Cercas, vencedor o Prémio Literário Casino da Póvoa 2018, são algumas das presenças confirmadas. Mas há muito mais para ver e ouvir na oitava edição do FLM que, como sempre, terá as conversas com e entre autores no centro da sua larga programação.
A primeira irá juntar, logo na terça-feira, depois da abertura oficial no Teatro Municipal Baltazar Dias, o humorista Ricardo Araújo Pereira e o jornalista norte-americano Mick Hume, autor de Direito a Ofender. A Liberdade de Expressão e o Politicamente Correcto. Partindo de uma citação de Salman Rushdie — “O que é a liberdade de expressão? Sem liberdade para ofender, cessa de existir” — os dois autores estarão à conversa a partir das 19h, moderados pelo jornalista João Paulo Sacadura. No dia seguinte, passarão pelo FLM os escritores José Luís Peixoto, Sofi Oksanen e Eleanor Catton, numa conversa moderada pela jornalista Ana Daniela Soares.
Oksanen, romancista e dramaturga finlandesa, publicou o primeiro livro em 2003. Foi, contudo, com A Purga — o romance sobre duas mulheres confrontadas com um passado que tentam esquecer — que ficou famosa em 2008. Vencedora de importantes prémios literários, Sofi Oksanen foi a primeira mulher finlandesa a receber o Nordic Prize, atribuído anualmente pela Academia Sueca. Catton, outro nome forte da edição deste ano do festival literário madeirense, ficou conhecida depois de ter recebido, em 2013, o Man Booker Prize, o mais importante prémio literário de língua inglesa pelo seu segundo romance, Os Luminares. O encontro das duas autoras com o português José Luís Peixoto está marcado para as 18h, também no Teatro Baltazar Dias.
Na quinta-feira, Peixoto vai voltar ao FLM para uma conversa com a jornalista Susana de Figueiredo. O pano de fundo será, porém, outro — a conversa, marcada para as 10h30, vai acontecer no Auditório do Fórum Machico. No mesmo dia, da parte da tarde, o Teatro Municipal Baltazar Dias vai receber o escritor norte-americano Benjamin Moser, autor de Porquê Este Mundo — Uma Biografia de Clarice Lispector. A aclamada biografia da escritora brasileira, editada e traduzida no mundo inteiro, recebeu vários prémios e nomeações, tendo contribuído para a redescoberta internacional da obra de uma das autoras mais importantes do Brasil e da língua portuguesa. Moser, que é responsável pela nova tradução para o inglês das obras de Lispector, vai estar à conversa com a jornalista Raquel Marinho, pelas 18h. O autor e tradutor vai ainda passar, no dia seguinte, pelo museu de arte contemporânea Casa das Mudas, no Funchal.
No mesmo dia, pelas 18h, será a vez de Paulo Moura, Cândida Pinto e Carlos Fino passarem pelo teatro municipal do Funchal. O mote da conversa será “O mundo está à espera de uma grande história, de um furo jornalístico, de uma narrativa sensacional escrita debaixo de uma chuva de balas”, uma frase do jornalista polaco Ryszard Kapuściński. Mais tarde, pelas 21h30, Aldina Duarte irá subir ao palco do Teatro Baltazar Dias para apresentar o seu novo álbum, Quando se ama loucamente, um tributo à escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol. Ao contrário dos outros eventos do festival, o concerto da artista não terá entrada livre. Os bilhetes custam 20 euros e estão à venda na bilheteira do teatro municipal.
No sábado, o último dia do FLM, a programação começa mais tarde. A primeira conversa irá decorrer pelas 15h, também no Teatro Municipal Baltazar Dias, e irá juntar Frei Bento Domingues, David Munir e Esther Mucznik, que serão moderados pelo jornalista João Céu e Silva. O mote da conversa será “A vista de Jerusalém é a história do mundo; é mais do que isso; é história do ceú e da terra”, uma frase do político inglês Benjamin Disraeli. Depois desta sessão, será a vez de Ottessa Moshfegh, José Gardeazabal e Clara Ferreira Alves subirem ao palco do teatro municipal.
Moshfegh foi uma das finalistas do Man Booker Prize de 2016 com o romance O meu nome era Eileen, que lhe valeu no mesmo ano o Hemingway Foundation/PEN Award, atribuído nos Estados Unidos da América a autores que nunca antes tenham publicado um livro extenso de ficção. O lisboeta José Gardeazabal, distinguido com o Prémio INCM/Vasco Graça Moura em 2015 pelo livro de poemas História do Século Vinte, publicou em janeiro deste ano o seu primeiro romance, Meio homem, metade baleia. A conversa — que terá como mote “Compreender as pessoas não tem nada a ver com a vida. O não as compreender é que é a vida” — será moderada pelo editor Nuno Seabra Lopes.
Além das mesas redondas, haverá ainda uma série de workshops, entre quarta e sexta-feira, sobre os mais diversos temas relacionados com literatura. Estes serão realizados por representantes de outros festivais literários europeus que integram a Comunidade Europeia de Cultura Inclusiva, da qual o FLM também faz parte. Também não faltarão sessões de autógrafos, apresentações e lançamentos de livros. A sessão de encerramento do FLM irá decorrer no sábado, pelas 18h, e contará com a presença do espanhol Javier Cercas, vencedor da edição deste ano do Prémio Literário Casino da Póvoa, e do peruano Daniel Alarcon.
O Festival Literário da Madeira (FLM) decorre de 13 a 17 de março, no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal. O programa completo pode ser consultado aqui, no site oficial do festival