Vestidos de noiva, um mundo tão complexo que, por vezes, nem quem os faz consegue perceber muito bem as tendências, caprichos e reviravoltas que atingem o mercado. No caso de Inês Fonseca, uma das fundadoras da Latitid, a lição do último verão foi bastante clara. Na coleção, havia um um fato de banho branco — cortado na cintura, com alças cruzadas nas costas e um nó singelo no decote –, cujo desenho simples encaixava perfeitamente na esquadria da marca portuguesa, lançada em 2013. Foi o delírio de todas as moças que estavam à beira do altar. Resultado: o dito fato de banho saiu que nem pão quente, quase sempre oferecido por amigas, mães e madrinhas, sem que nunca tivesse passado pela cabeça de ninguém que o modelo Amalfi (era assim que se chamava) pudesse ser um fato de banho para noivas.
“As noivas estão a exigir”, afirma Inês. E todos sabemos bem o poder que uma bridezilla tem, que o diga Pureza Mello Breyner, há 11 anos a desenhar vestidos para o grande dia. “Hoje, elas querem um antes, um durante e um depois. Um segundo vestido para depois da cerimónia, algo para usar numa festa no dia anterior, para o brunch do dia seguinte e até para a despedida de solteira”, explica. A designer pôs a experiência em rendas, sedas e tule ao serviço do swimwear. “Foi a primeira pessoa a fazer-me um vestido para levar a um casamento, em 2008, e depois disso fez-me mais três”, conta Inês. Já Pureza, parece que apanha sol com um Latitid desde o primeiro verão.
“Queria que este fato de banho tivesse um bocadinho de mim. As costas são especiais, tal como gosto que sejam as dos meus vestidos, e a cintura bem marcada pelo cinto remete para as faixas em chiffon“, explica Pureza. Além da cor — branco, obviamente –, o tecido também não foi deixado ao acaso. A malha piquet faz lembrar as texturas dos vestidos, ao mesmo tempo que a introdução de uma caixa de peito torna este fato de banho muito mais versátil do que o modelo do ano passado, no que toca à idades e corpos. Custa 125€.
A certa altura as duas acharam que só o fato de banho era pouco. E que tal ter uma peça extra, não para aquecer, mas para dar aquele toque de classe que fica sempre bem à beira da piscina. Veio o kaftan em renda de algodão, vestimenta fresquinha e assinada pela dupla. Custa 85€. Esta foi, muito provavelmente, a última vez que a Latitid e o atelier de Pureza Mello Breyner desenharam apenas duas peças. É que as noivas estão tão determinadas a ir a banhos, que já pairam novas ideias na cabeça das duas amigas, ou melhor, das três, que Marta Fonseca, designer da marca e irmã de Inês, também é para aqui chamada. O trio já pensa numa coleção mais extensa que não terá propriamente de esperar pelo verão de 2019 para ganhar forma.
Contornar a sazonalidade do negócio é, por sinal, uma das estratégias da Latitid. Em junho do ano passado, a marca abriu uma loja própria no Porto e já se prepara para substituir o pequeno ponto de venda estival na Embaixada, em Lisboa, por uma loja permanente. A sala é uma das mais generosas do palacete do Príncipe Real e a abertura está prevista para o início de abril.
Já Pureza Mello Breyner voltou a investir nos modelitos para as convidadas. Nos dias 16 e 17 de março, o atelier vai abrir as portas com mais de 200 peças entre os 80€ e os 260€. Não foram feitas pela designer, mas foram escolhidas a dedo para a época dos casamentos.