Faltava menos de meia-hora para o início do plenário quando a Candidatura de Unidade Popular (CUP), partido de extrema-esquerda independentista, anunciou o seu sentido de voto para a sessão parlamentar desta quinta-feira: abstenção. Os seus quatro votos, que seriam decisivos para os independentistas do Juntos pela Catalunha (JxC) e da Esquerda Republicana (ERC), não contribuirão para aprovar Jordi Turull como presidente da Generalitat.

Os votos do JxC e da ERC  (66 oficialmente, 64 na prática, porque Carles Puigdemont e Toni Comín continuam exilados na Bélgica) não chegam aos 68 necessários para ter maioria absoluta na câmara, o que empurra esta sessão de investidura para o próximo sábado. A lei catalã determina que quando não há maioria absoluta na primeira votação, uma segunda votação deve realizar-se 48 horas depois. Nessa, apenas é necessária maioria simples para aprovar o candidato apresentado.

Os independentistas do JxC e da ERC não contavam com este contratempo. Na manhã de quinta-feira, chegaram a oferecer à CUP a possibilidade de ser votada uma moção de confiança a Turull daqui por dois meses em troca dos votos positivos na sessão desta quinta-feira, conta o El Periódico. Mas o ramo de oliveira estendido não foi suficiente. A CUP considera que o JxC e a ERC não têm um programa de Governo suficientemente independentista para merecer o seu apoio.

Chutando a aprovação de Turull para o cargo de líder do Governo catalão para sábado, esta continua ameaçada por várias corridas contra o tempo. Em primeiro lugar, o facto de Turull ir ser presente ao juíz Llarena, do Supremo Tribunal, esta sexta-feira. O juíz do Supremo Tribunal, que está a instruir o processo de sedição de que os independentistas estão acusados, chamou Turull e outros ex-conselheiros para rever as suas medidas de coação esta sexta-feira. Se a acusação pedir a detenção de Turull e o juíz considerar “que reincidiu [no crime] ou que há risco claro de que pode fazê-lo”, explica o El País, pode deter o candidato a presidente da Generalitat.

Mesmo que tal não venha a acontecer, não é certo que Turull consiga ser aprovado no Parlamento no próximo sábado. Como explica o La Vanguardia, os partidos da oposição somam 65 votos. A manter-se a abstenção da CUP, em princípio o JxC e a ERC conseguiriam aprovar Turull com os seus votos (66) por maioria simples. Mas, como Puigdemont e Comín continuam fora do país, contam apenas com 64 votos efetivos. A solução? Os dois ex-governantes renunciarem aos seus lugares e passarem o seu lugar aos seguintes na lista. Conseguirão fazê-lo em menos de 48 horas? A própria deputada do JxC Elsa Artadi crê que não: “Os procedimentos não andam tão depressa. É materialmente impossível”, disse.

Depois de Carles Puigdemont, Jordi Sánchez e Jordi Turull, irão os independentistas avançar para o um quarto candidato? Em caso de chumbo de Turull, inicia-se outra contagem decrescente — esta para novas eleições, que terão de ocorrer a 15 de julho. Se não houver consenso entre os independentistas até lá, os catalães regressam às urnas.

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