O antigo presidente da distrital de Lisboa, Miguel Pinto Luz, classificou esta terça-feira a “decisão do Governo Português” de “não expulsar os diplomatas russos” como uma “falta de solidariedade grave“. O vice-presidente da câmara de Cascais, e um dos desalinhados com o atual presidente, desafia Rui Rio a tomar uma posição que condene a decisão do Governo de António Costa: “Espero que o PSD tome uma posição pública sobre esta situação. Estão em causa os valores pelos quais sempre lutámos e acreditámos”.
Miguel Pinto Luz, através de um post na sua página do Facebook, recorda que EUA e Reino Unido são “aliados de sempre de Portugal” e alerta que Portugal está a ficar de fora de “uma tomada de posição forte dos parceiros europeus”. Para o autarca “é inconcebível a posição neutral de Portugal perante este tema”, sendo também “inconcebível o Governo Português estar refém dos seus parceiros de coligação”. E acrescenta: “Já sabíamos que em matéria de política doméstica o Governo estava condicionado. Agora observamos que, no que diz respeito à Política externa, Portugal está dependente das decisões do PCP e do Bloco de Esquerda”.
Já Paulo Rangel, eurodeputado do PSD, considerou esta terça-feira que a decisão do ministério dos Negócios Estrangeiros português de não expulsar diplomatas russos é “totalmente inexplicável” e fala em “jogo ideológico”. No dia em que mais de 100 diplomatas russos foram expulsos de vários países europeus como retaliação pelo alegado envenenamento do ex-espião Sergei Skripal, no Reino Unido, Rangel reagiu, em declarações à Rádio Renascença, à decisão do Governo português de não alinhar na estratégia conjunta de vários países.
Para o eurodeputado tal decisão explica-se pelo facto de o executivo de António Costa ser apoiado no Parlamento pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda. “A primeira coisa que me ocorre é que, sendo o Governo sustentado por dois partidos que são contra a integração europeia, que são contra a integração de Portugal na NATO, o Governo está a fazer jogo ideológico com uma matéria que é fundamental para a geopolítica portuguesa”, disse Rangel. O eurodeputado acrescenta que as medidas anunciadas pela tutela de se focar na “concertação no quadro da União Europeia” são “uma resposta demasiado pequenina” para a gravidade da matéria em causa.
Rangel admite que esta é “obviamente uma situação delicada”, mas adverte que “o ministério dos Negócios Estrangeiros está a falar contra a tradição da diplomacia portuguesa”.
Paulo Rangel critica a não expulsão de diplomatas russos: “Governo está a fazer jogo ideológico”