A maratona de Pyongyang — oficialmente Maratona Internacional do Prémio Mangyongdae — realiza-se todos os anos em honra do nascimento do fundador do Estado norte-coreano, Kim Il-sung, e costuma atrair centenas de estrangeiros que aproveitam a oportunidade para visitar o país conhecido como “Reino Eremita”. Este ano, contudo, os números ficaram bastante aquém do habitual, tendo caído para metade face ao ano passado.

Se em 2017 mais de mil cidadãos de outros países visitaram a Coreia do Norte para participar na corrida (o que corresponde a cerca de 1/5 do número de visitantes estrangeiros que entram por ano no país), em 2018 o número ficou-se pelos 429, conta a BBC. Em tempos, terão chegado a correr 5 mil estrangeiros na maratona, na sua maioria norte-americanos.

Esse facto pode estar relacionado com a descida dos números, já que os Estados Unidos têm atualmente em vigor uma proibição para os seus cidadãos de visitarem aquele país, na sequência da morte do estudante americano Otto Warmbier, que esteve 17 meses detido na Coreia do Norte.

O evento conseguiu sempre atrair a atenção de estrangeiros curiosos por conhecer um pouco mais do país envolto em mistério — e onde a maratona se revelava uma boa oportunidade para um maior contacto com a população. Um dos participantes norte-americanos, Nick Busca, recordou a sua participação de 2016 no site Quartz, destacando precisamente isso: “Se por um lado me senti um privilegiado por ser um dos poucos a conseguir ver Pyongyang pelos meus próprios olhos, o silêncio irreal nas ruas e a atenção próxima que os cidadãos nos prestavam fez-me sentir estranhamente observado e analisado“, escreveu.

Na edição deste ano, os vencedores tanto na prova masculina como na feminina foram norte-coreanos. Ri Kang-bom venceu a prova dos homens e, diz a BBC, declarou-se “satisfeito por ter sido capaz de cumprir as expectativas do povo”. Na prova feminina, a vencedora foi Kim Hye-gyong, tendo a sua irmã gémea Kim Hye-song ficado em segundo lugar.

Segundo Nick Bonner, responsável pela Koryo Tours que organiza viagens de estrangeiros para a maratona, a recente aproximação diplomática entre Coreias tem contribuído para contrariar a tendência de queda de participantes estrangeiros. “Nos últimos dois meses vimos um aumento nas pessoas, amadores, que se querem juntar à maratona. Simplesmente porque a geopolítica antes estava tão tensa que as pessoas não quiseram vir“, resumiu, citado pela cadeia norte-americana ABC.

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