Cerca de 90% das crianças moçambicanas começam a frequentar as aulas sem saber falar a língua portuguesa, o que constitui um obstáculo para o processo de ensino e aprendizagem, indicam dados do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. Os dados foram divulgados na quarta-feira durante o Fórum Nacional Bilingue pela ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Conceita Sortone, citada esta quinta-feira pelo diário O País.

A governante entende que esta pode ser uma das causas dos maus resultados nas escolas do ensino primário no país, propondo o ensino bilingue como a solução para o problema. “Um olhar atento sobre as nossas estatísticas permite perceber, claramente, o quanto os nossos concidadãos não podem usufruir dos serviços de saúde, de justiça e acesso à informação porque não conseguem permanecer no sistema de ensino por não saberem falar a língua portuguesa”, disse Conceita Sortone.

Para a governante, o ensino bilingue deve ser visto como uma “nova dinâmica na sala de aulas a ser implementada”, um instrumento que vai facilitar o processo de ensino, principalmente nas zonas rurais. “Precisamos de professores que conheçam a língua e não os que têm curiosidade”, frisou Conceita Sortone. Em 2017, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano anunciou que o ensino primário vai usar as 16 línguas nacionais, ao lado do português, para facilitar o ensino às crianças moçambicanas.

O novo modelo implica que cada escola primária lecione na língua nativa mais falada na comunidade em que está inserida, em paralelo com português. Vários estudos sobre o ensino primário têm apontado o uso do português como uma barreira à assimilação dos conteúdos, uma vez que a maioria das crianças moçambicanas não tem o português como língua materna.

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