A SIC divulgou esta segunda-feira conteúdos do segundo e do terceiro interrogatórios realizados a Sócrates pelo procurador Rosário Teixeira e pelo inspetor Paulo Silva, sendo neles o o antigo primeiro-ministro confrontado com os indícios que a equipa de investigadores que coordena a Operação Marquês tem contra ele. O conteúdo dos interrogatórios já havia sido divulgado pela comunicação social, nomeadamente pela revista Sábado, mas esta foi a primeira vez que se assistiu, em vídeo, à ira de José Sócrates contra Rosário Teixeira e Paulo Silva.
A defesa de Sócrates, numa nota enviada pelo advogado Pedro Delille à comunicação social, reagiu esta terça-feira à reportagem da SIC, acusando a estação de Carnaxide de “cumplicidade” com a investigação. “Esta reportagem representa o culminar de uma longa parceria e cumplicidade entre a estação de televisão e as autoridades a quem o processo está entregue. Para sermos mais concretos, entre a SIC, o procurador [Rosário Teixeira] e o juiz de instrução [Carlos Alexandre], a quem a estação tem traçado os mais elogiosos perfis”, acusa Delille.
A ira de Sócrates nos interrogatórios. “Isto foi uma manha sua, sr. procurador”
Descrevendo a divulgação das imagens como um “espetáculo singular e chocante”, a defesa de Sócrates garante ainda que a mesma significa “uma progressiva e assustadora tabloidização” da justiça. “No essencial, está agora claro que vale tudo: qualquer cidadão ficou a saber que as filmagens dos interrogatórios que o Ministério Público promove estão no mercado. Eles aparecerão nos telejornais em função do interesse comercial, das audiências. A dignidade da justiça, com o incompreensível silencio institucional, está assim finalmente subjugada ao interesse venal do espetáculo: utilizaremos tudo o que nos permitir ganhar dinheiro”, escreve Pedro Delille.
Segundo o advogado, contudo, “o tiro saiu pela culatra”. E explica: “Os interrogatórios vêm demostrar aquilo que temos repetidamente afirmado: a acusação não tem qualquer fundamento em factos e muito menos em provas. Chega a ser confrangedora a incapacidade dos procuradores em sustentar o que levianamente afirmam. Na verdade, os interrogatórios só confirmam a vacuidade da acusação.”
Pedro Delille garante ainda que a defesa de José Sócrates vai agir judicialmente contra a SIC.