Se até há bem poucos meses a Lamborghini se limitava a produzir apenas dois superdesportivos de dois lugares, o Huracán e o Aventador, juntou recentemente à sua gama o Urus, o SUV com que pensa duplicar as vendas. Mas o construtor que nasceu em 1963, fruto do dinamismo de Ferruccio Lamborghini – o homem que produzia tractores e apenas começou a construir carros por estar furioso com Enzo Ferrari e decidido a fazer desportivos melhores do que os dele –, está longe de querer ficar por aqui. Segundo o CEO Stefano Domenicali e o director técnico Maurizio Reggiani, vêm aí muitas mais novidades. E todas boas.
Para começar, ou seja, a partir de 2020, a casa italiana vai substituir o Aventador pela nova geração, modelo esse que já vai ter a possibilidade de alojar um pack de baterias significativo – mas não muito, para evitar incrementar excessivamente o peso, o que num desportivo deste calibre pode ser uma decisão assassina –, o que converte no primeiro modelo híbrido da marca. E não está afastada a hipótese de ser plug-in, o que permitiria ao proprietário de um coupé com mais de 800 cv ir às compras ou tomar café sem emitir um ruído, ou um grama de CO2.
Apenas dois anos depois, isto é em 2022, é a vez do Huracán, que também vai ter de encontrar espaço para acumuladores, pois irá ascender ao estatuto de híbrido plug-in, visando conciliar as emissões e a defesa do ambiente, esta última quando a circular em meio urbano, onde a qualidade do ar é mais preocupante.
Mas há mais. No capítulo das novidades, desta vez surge uma garantia e vem de Reggiani, o homem dos motores. Segundo Maurizio, nada de turbos nem dessas “mariquices”. A Lamborghini faz motores, gosta de motores, e aprecia sobretudo o gritar a alto regime que coloca os cabelos em pé até aos carecas. Por isso, a marca transalpina vai continuar a produzir motorizações V10 e V12 – nada daquelas coisas anémicas V8 e muito menos os “minis” V6, que na opinião da “Lambo” são ideais para… pequenos desportivos –, com recurso à solução híbrida e não ao turbo, para ter mais torque a baixa rotação e menores consumos. Entre outras vantagens que esta electrificação assegura.
Mas a grande novidade é que, por oposição à Ferrari, a marca que começou por fazer tractores está apostada em produzir em breve um “Lambo” eléctrico. Mas tem uma carta na manga. Ao contrário da Porsche, outro membro do Grupo Volkswagen, mas uns degraus mais abaixo no que respeita à imagem e pergaminhos enquanto fabricante, a Lamborghini não acredita que as baterias de iões de lítio actualmente no mercado sejam suficientemente boas para um superdesportivo. Assim, Reggiani admitiu que, além dos Lamborghini que vão surgir a partir de 2020, que são silenciosos, mas que assim que se acelera mais violentamente acordam o V10 ou V12 com o ronco tradicional que encanta todo o mundo, vai igualmente surgir a partir de 2026 um modelo eléctrico, certamente baseado no Terzo Millennio Concept, equipado com baterias sólidas.
Esta tecnologia que, segundo o director técnico, a Lamborghini está a desenvolver no seio do Grupo Volkswagen, vai permitir o triplo da autonomia para a mesma massa transportada de baterias, além de uma rapidez de recarga muitíssimo inferior – as baterias não aquecem por muita potência que seja utilizada para recarregá-las –, o que permite incrementar a potência dos motores eléctricos para valores que facilmente podem duplicar ou mesmo triplicar os actuais 700 a 800 cv.
Domenicali afirmou ainda que o construtor italiano não colocou de lado o hidrogénio, que poderá ser a solução do futuro – fuel cells, a produzir energia para alimentar a bateria –, assim que a tecnologia estiver perfeitamente controlada.