“No final do interrogatório soubemos que teria sido gravado.” Foi desta forma que o advogado de José Sócrates, Pedro Delille, explicou ao Observador por que razão surge num vídeo mostrado pela SIC, no final do interrogatório, a pedir para levar as cassetes consigo. Isto depois de ter emitido uma nota que foi enviada para a comunicação social intitulada “O Procurador Mentiu”, na qual garante que “o Senhor Eng. José Sócrates e os seus advogados não foram informados que o interrogatório estava a ser filmado”, não o tendo, portanto, “consentido”. E acrescentava: “Do interrogatório nada consta sobre tal matéria. Aliás, no auto deste interrogatório não se mostra sequer consignado o início e o termo de cada gravação, ao contrário do que a lei obriga.”

“O Senhor Procurador faltou, pois, conscientemente e deliberadamente à verdade. Mentiu a todos os portugueses que o estavam a ouvir”, conclui Pedro Delille na nota, garantindo que à defesa de José Sócrates “não resta, pois, alternativa que a de registar e desmentir publicamente tal falsidade”.

O Procurador Filipe Preces (que participou no interrogatório de 13 de março de 2017 a José Sócrates) garantiu segunda-feira na RTP, durante o programa “Prós e Contras”, que o antigo primeiro-ministro, bem como os seus advogados, “sabiam perfeitamente que aquela diligência seria registada em vídeo e em áudio”.

Entretanto, no Jornal da Noite, a SIC revelou a parte final do interrogatório de 2015, no qual José Sócrates aparece a dizer ao Procurador Rosário Teixeira que espera “que isto seja um interrogatório e não uma entrevista televisiva”. Rosário Teixeira responde que não leva “as cassetes” nem leva “as escutas”. E Pedro Delille intervém, dizendo: “Mas nós levamos.” O interrogatório é dado como concluído pelo procurador.

Perante estas imagens, Pedro Delille, contactado pelo Observador, afirma que em nada elas põem em causa o comunicado, continuado a afirmar que não foram previamente avisados de que o interrogatório estaria a ser filmado. “Eu percebi que estava a ser filmado e fomos então informados”, sendo que, segundo Delille, tudo isto se terá passado já no final do interrogatório. “Pedimos as cassetes e o engenheiro Sócrates disse que esperava que aquilo não fosse transmitido”, explica Delille, reafirmando: “Não consentimos a gravação.” E escuda-se no auto do interrogatório no qual, garante, “não consta” a realização das filmagens.

Perante o sucedido, a defesa de José Sócrates reclamou: “Levantei um protesto formal depois de José Sócrates ter advertido o senhor procurador para que não houvesse divulgação de imagens.”

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