Pedro Silva Pereira contesta a ideia de que é o momento de o PS abrir o debate sobre a corrupção, como defende a sua colega parlamentar, Ana Gomes. “Para o Partido Socialista não faz qualquer sentido abrir uma discussão sobre como é que foi ou deixou de ser um instrumento de ação de corruptos e criminosos, como diz Ana Gomes. Não é essa é a posição do direção”, defende o eurodeputado. E justifica: “Isso iria supor uma antecipação do julgamento que nem a própria justiça fez, nem podia fazer porque o contraditório não se fez”.

As declarações de Silva Pereira durante o programa Política Pura, na TSF, na última quinta-feira, foram também a primeira vez que o socialista comentou a saída de José Sócrates do partido — um abandono que, diz, “não era inevitável”.

Lamento mas respeito a decisão de se desvincular do Partido Socialista. O PS tem explicado pela voz do secretário-geral que não alterou a posição. Uma coisa é a posição do Partido Socialista, outra coisa é a perceção que se possa ter dela.”

Para o socialista, a carta enviada pelo antigo secretário-geral do PS a comunicar ao partido o fim da sua militância e ao referir uma situação de “embaraço mútuo” traduz apenas um sentimento de mágoa. “Uma rutura depois de um trajeto comum durante tanto tempo, certamente que traduz uma mágoa pessoal, foi assim que eu li”, diz o eurodeputado.

Pedro Silva Pereira, que foi ministro da Presidência durante o governo de José Sócrates e um homem próximo da liderança do antigo primeiro-ministro, reconhece que “houve uma sucessão de declarações de dirigentes do PS em tom algo diferente do que tinha acontecido anteriormente”. A consequência, admite, foi  gerar “uma perceção, que depois o secretário-geral esclareceu que não corresponde à verdade e que não havia uma condenação sem julgamento que o PS nunca fez”.

O eurodeputado confirmou ainda durante o mesmo programa que irá participar no congresso do partido, na Batalha, entre os próximos dias 25 e 25 de maio. Um evento onde acredita que o tema Sócrates e as mais recentes polémicas não devem ser tema. A questão, diz, “deverá estar na ponta da língua do jornalistas nos corredores do congresso” e, “embora as pessoas sejam livres de fazerem as intervenções que entenderem”, a direção deve manter o assunto fora da agenda, comentou.

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