Em entrevista ao Expresso este sábado, Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, tinha contado um episódio passado com Luís Filipe Vieira, líder do Benfica numa Assembleia Geral da Liga. “Foi numa reunião que se fez na Liga quando eles estavam a querer expulsar o Mário Figueiredo. É na época 2013/14. E depois acabei eu a levar um processo. Ele disse-me isto [um acordo em que ora ganhava ele, ora ganhava eu] e eu respondi: ‘Espere aí um bocado que vou à casa de banho’. Depois saio, vou para a porta principal da Liga e liguei ao motorista a dizer para me ir buscar que não queria aturar mais aquele tipo. O homem entrou no carro e tentou convencer o motorista a convencer-me. Já disse isto e fui processado”, contou.

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Durante a tarde, através de um comunicado no site oficial do clube, o Benfica desmentiu o encontro. “A Benfica SAD desmente totalmente os factos e as declarações hoje relatadas pelo presidente do Sporting sobre um fantasioso e inventado encontro que teria tido com o presidente do Benfica. Todo o teor da conversa, do pretenso acordo proposto e descrição dos acontecimentos são totalmente falsos, a exemplo do célebre telefonema que uma vez Bruno de Carvalho afirmou ter tido com o presidente do Benfica, para mais tarde assumir perante os jornalistas que estava a ironizar. O reiterar das mentiras só se compreende sabendo-se que quem mente compulsivamente chega a convencer-se da verdade das suas próprias mentiras, não se estranhando por isso os permanentes conflitos em que o presidente do Sporting se envolve, inclusive com dirigentes, adeptos, técnicos e jogadores do seu próprio clube”, destacaram os encarnados na missiva.

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Na resposta, e em declarações à Sporting TV, Bruno de Carvalho não só voltou a falar nesse encontro como abordou também uma tentativa recente de promoção de uma cimeira entre os dois presidentes dos clubes que terá partido do próprio Benfica.

“Gosto de ser uma pessoa frontal e não tenho a trabalhar para mim o gabinete das queixinhas. É uma realidade o que se passou. Se as pessoas quiserem entrar no comunicado, que fala em constantes problemas com jogadores, sócios e dirigentes, para além de ser verdade o que me foi proposto na garagem da Liga, só tenho pena que a Liga tenha desgravado as imagens. Há uma câmara no local”, começou por referir o líder verde e branco no canal do clube, prosseguindo: “Mas há outra coisa: dias antes [da derrota em Madrid], um sportinguista distinto serviu de intermediário para pedir uma cimeira secreta entre mim e Luís Filipe Vieira. Portanto, quando me apetecer contar um pouco mais talvez as pessoas se apercebam dos problemas com sócios, dirigentes, não dirigentes. É bom que o gabinete se informe com o presidente deles”.

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Esta não é a primeira vez que a referida hipótese de cimeira foi levantada, surgindo agora em termos públicos pelo próprio presidente do Sporting. Ao Observador, Bruno de Carvalho tinha confirmado a existência dessa abordagem, recusando-se a prestar mais detalhes, ao passo que fonte oficial do Benfica negou que essa abordagem tivesse existido ou partido da Luz.

“Este pedido de cimeira secreta não sei o que poderia trazer de bom ou qual a intenção quando fui dos primeiros, ou o primeiro, a revelar os vouchers e a lutar para que se faça justiça nos vouchers, nos emails ou no e-toupeira. Qualquer dia se calhar explicarei o que se passou melhor e porque tenho tantos problemas… Mas seria bom ter cuidado com o que dizem, não é bom saber-se tudo. Não sou pessoa de guardar segredos, mas estou a aguentar-me. Numa outra reunião em Fátima, [Vieira] disse que o futebol português ia passar pelo Benfica e Sporting. Só alguém desprovido de alguma inteligência é que não percebia o que se estava a armar. Em tempo algum quis alianças, só na mão esquerda e com a minha mulher, muito menos cimeiras. Por isso, deviam ter cuidado com quem faz os contactos para as cimeiras”, completou o líder leonino.

Na mesma intervenção, Bruno de Carvalho comentou também as declarações de Jorge Jesus sobre um post colocado pelo seu pai no Facebook, onde disse ter visto uma “equipa desorganizada”, entre outros reparos, no último dérbi com o Benfica.

“Ponto número um: o pai do presidente como sócio tem direito a ter opinião. Ponto número dois: o meu presidente é o filho e tenho a certeza que não se revê naquilo que o pai disse. Como é normal muitas vezes entre pais e filhos… E em relação a essa situação, tenho a certeza que o presidente não se revê”, referiu Jesus na conferência antes da partida para a Madeira.

“Tem o direito de ter opinião. Também tinha pedido internamente às pessoas para não comentarem o caso e, por isso, tenho pena que comentem. Não estou muito de acordo com o que o meu pai disse, mas tenho orgulho por ser meu pai. Ao menos deu a cara. Jorge Jesus também não gosta, apesar de serem amigos, quase irmãos, das alarvidades de Octávio Machado, Rui Santos e João Bonzinho. Tenho a certeza que não se revê nas alarvidades e mentiras”, salientou Bruno de Carvalho.