O Presidente da República fez esta segunda-feira uma saudação a uma Espanha “una e eterna”, na presença do rei Felipe VI, num momento marcado por nova crispação nas relações entre o Governo de Madrid e a Catalunha.
“Saúdo Espanha, una e eterna, na sua projeção e reconhecimento”, disse o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, no arranque da sua intervenção na sessão inaugural do IV Encontro de Reitores Universia, que reúne esta segunda e terça-feira mais de 600 representantes de universidades e politécnicos, maioritariamente ibero-americanos, em Salamanca, cuja universidade está a assinalar 800 anos de vida.
A constituição do novo Governo autonómico da Catalunha proposta pelo presidente independentista Quim Torra não recolheu a aprovação do Governo central de Madrid, tendo o presidente do executivo espanhol, Mariano Rajoy, defendido que a Catalunha tem que ter um Governo “que cumpra a lei”. Em causa está a nomeação para o Governo autonómico de quatro conselheiros que ou estão exilados ou estão detidos.
O Governo de Espanha qualificou de “provocação” as nomeações feitas pelo presidente do governo regional da Catalunha de quatro conselheiros, uns detidos outros exilados, e assegurou que vai avaliar “a viabilidade” do novo executivo regional. Quim Torra incluiu no seu executivo Jordi Turull e Josep Rull, detidos, e Antoni Comín e Lluís Puig, fugidos na Bélgica.
Em comunicado, o Governo espanhol afirmou que as nomeações mostram que “não é sincera” a vontade de diálogo manifestada na carta que Torra enviou na sexta-feira ao primeiro-ministro, Mariano Rajoy.
Quim Torra foi indicado por Carles Puigdemont, que fugiu para a Alemanha e aguarda uma decisão sobre o mandado europeu de detenção emitido pela justiça espanhola, que pede a sua extradição, para o julgar.
A nomeação de Torra pôs fim ao impasse político, que durou quase cinco meses, resultante das eleições regionais de 21 de dezembro, nas quais os partidos independentistas voltaram a ter uma maioria no parlamento da Catalunha. Quim Torra tomou posse como chefe do governo catalão na quinta-feira em Barcelona sem jurar respeitar a Constituição espanhola, mas apenas “a vontade do povo catalão”, numa cerimónia à qual não assistiu qualquer representante do Governo central.