Donald Trump “provavelmente tem” plenos poderes para se absolver a si mesmo, caso um dia sejam provadas as suspeitas de que houve conluio entre as autoridades russas e a campanha que o conduziu à Casa Branca. Mas Rudy Giuliani, que coordena essa equipa, garante que o presidente dos EUA “não tem qualquer intenção” de aplicar esse poder a si mesmo. “As ramificações políticas” desse passo “seriam duras”, diz.
Já se sabia que a Justiça norte-americana está a investigar uma eventual ingerência da Rússia nas eleições de 2016, que fizeram de Donald Trump presidente dos EUA, vencendo Hillary Clinton, e eventuais obstruções à Justiça do inquilino da Casa Branca. A novidade estava no facto de a equipa de advogados que acompanha Trump ter sustentado a ideia de que o presidente norte-americano poderia conceder uma absolvição a si próprio, caso ficassem provadas as suspeitas que estão a ser investigadas. Este domingo, Giuliani veio afastar esse cenário.
Advogados de Donald Trump escrevem carta a procurador: “Se ele quisesse, encerrava a investigação”
Entrevistado na estação televisiva ABC, Rudy Giuliani começou por admitir que Donald Trump, “provavelmente, tem” o poder para aplicar essa auto-absolvição. Mas também assegurou de imediato:
Ele não tem qualquer intenção de se absolver a si mesmo.” Giuliani admitiu mesmo que “as ramificações políticas de uma decisão dessas seriam duras” e que “absolver outras pessoas é uma coisa, absolver-se a si mesmo é outra”.
A posição do coordenador da equipa de advogados que tem acompanhado Trump absorve a mensagem que chega à Casa Branca do próprio Partido Republicano. É que, também este domingo, o líder dos republicanos da Casa dos Representantes, Kevin McCarthy, defendeu a ideia de que nenhum presidente dos EUA deveria colocar-se na posição de conceder a si mesmo uma espécie de indulto.
A tese foi partilhada em janeiro deste ano com o procurador que lidera a investigação. Numa carta assinada por um dos elementos da task force jurídica de Donald Trump, John Dowd (que já não integra o grupo) lembra a Robert Mueller que o líder norte-americano tem o poder necessário para por fim a investigações ou “até exercer o seu poder de absolvição”. A carta foi publicada este domingo pelo The New York Times e levou o chefe da equipa legal de Trump a um controlo de danos na televisão.