Uma comentadora televisiva norte-americana da ala conservadora, identificada como advogada e analista política, está convicta que as crianças que foram separadas das famílias na fronteira entre os Estados Unidos e o México devido à política de imigração de Donald Trump — e que aparecem nas imagens da imprensa internacional — são, na verdade, atores contratados para colocar a opinião pública contra o presidente dos EUA.

Ann Coulter, que falava na Fox News — cadeia de televisão tradicionalmente conservadora –, afirmou, olhando diretamente para a câmara: “Estas crianças atores a chorar em todas as outras televisões 24 horas por dia neste momento… não caia nisso, senhor presidente”. “Fico muito nervosa por o presidente receber as notícias pela televisão”, acrescentou.

A mesma comentadora garantiu que as crianças recebem “guiões para ler”. “Se fossem refugiados genuínos, paravam no México. Iriam para a Guatemala ou para a Colômbia. Não, estão a ser enviados para os EUA como uma arma política”, afirmou.

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Ann Coulter argumentou com uma reportagem da New Yorker que alegadamente denunciava este esquema. Porém, não parece haver nenhuma reportagem da revista sobre o assunto e o Washington Post contactou a comentadora no sentido de esclarecer qual a reportagem — mas não teve resposta.

Em causa estão as notícias e imagens vindas a público esta semana que dão conta de que as políticas de imigração do presidente Donald Trump já levaram a que cerca de duas mil crianças já tenham sido retiradas aos seus pais na fronteira entre os EUA e o México.

Os imigrantes que entrem nos EUA a partir da fronteira mexicana sem documentação legal estão a ser detidos e interrogados. Caso levem crianças consigo, estas estão a ser retiradas aos pais e a ser colocadas em centros de detenção onde dezenas de crianças ocupam a mesma cela — instalações que se assemelham a gaiolas.

EUA: Centenas de crianças estão em celas, separadas dos pais imigrantes

A guarda de controlo de fronteira norte-americana autorizou este domingo os jornalistas a fazerem uma breve visita às instalações, onde se encontram adultos e crianças depois de terem sido detidos na fronteira com o México, mas não foram autorizados nem a entrevistar os detidos nem a tirar fotografias.

As imagens, sons e reportagens vindas desses centros de detenção estão a ser motivo de condenação internacional, e até a própria primeira-dama, Melania Trump, já veio dizer que não concorda com as medidas, lembrando que é preciso “governar com o coração”. Uma posição sque a antiga primeira-dama Laura Bush também partilha.