As chamadas terapias de reconversão sexual, que argumentam poder eliminar a orientação sexual homossexual de qualquer pessoa, vão ser banidas no Reino Unido. O anúncio foi feito esta terça-feira pelo executivo de Theresa May que apresentou um plano de ação para atacar a discriminação à comunidade LGBT do país. 

Para avançar com este plano, que inclui reformas legislativas, foram analisados os resultados do maior estudo de sempre feito junto da comunidade LGBT em todo o mundo: mais de 108 mil pessoas particparam na pesquisa governamental. Destas, 2% admitiu ter participado em terapias de reconversão sexual e 5% dos inquiridos afirmaram que em algum momento da sua vida esta hipótese foi-lhes oferecida.

“Estas atividades estão erradas e não estamos dispostos a deixá-las continuar”, lê-se no plano governamental. “Iremos considerar todas as opções, legislativas e não legislativas, para proibir a promoção, oferta ou prática de terapias de reconversão.”

O plano prevê a criação de um fundo no valor de 5 milhões de euros para ajudar a implementar as suas diferentes fases de ação. Para além disso, será criado um consultor de saúde nacional para a comunidade LGBT, será lançado um programa para as escolas anti-homofobia e o governo irá ainda tentar melhor o registo e as denúncias de crimes de ódio contra homossexuais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

May chcada com os resultados

Mais de dois terços dos inquiridos responderam evitar andar de mão dada com um parceiro do mesmo sexo por medo de reações negativas. “Fiquei chocada com a quantidade de inquiridos que disseram não poder ser abertos em relação à sua orientação sexual ou que evitam andar de mãos dadas”, disse a primeira-ministra britânica.

“Ninguém nunca deveria ter de esconder quem é ou quem ama”, acrescentou Theresa May. “Este plano de ação vai concretizar passos que tornem possível uma verdadeira e duradoura mudança na sociedade.”

Cerca de 40% dos inquiridos experienciaram algum tipo de violência — verbal ou física — nos 12 meses anteriores ao inquérito. Mais de 90% não o reportaram às autoridades por considerarem que “acontece constantemente”.

Quanto à forma como se identificam, 61% afirmaram ser gays ou lésbicas, um quarto identificou-se como bissexual, e 4% como pansexual. Entre os inquiridos mais novos surgiram também as definições de assexual, pansexual e outras; 13% definiram-se como trangénero e 7% como não-binários.