A primeira-ministra britânica, Theresa May, conseguiu convencer o resto do seu governo a apoiar uma estratégia de negociação para um “soft Brexit”, depois de chegar a acordo com os ministros mais eurocéticos no tema das tarifas comerciais.

O tema das tarifas comerciais era o que mais dividia o governo de Theresa May. A primeira-ministra apoiava uma solução em que o Reino Unido tentaria negociar uma “parceria comercial” com a União Europeia para depois do Brexit que abolisse tarifas de parte a parte. Do outro lado, os defensores mais acérrimos do Brexit, entre os quais se destaca o ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, defendiam um sistema onde “facilitação máxima”, onde haveria uma fronteira comercial mas o compromisso de facilitar trocas de parte a parte.

Do lado dos ministros mais eurocéticos existia o receio de o modelo defendido por Theresa May poder comprometer a possibilidade de o Reino Unido celebrar acordos comerciais com outros parceiros, como os EUA. Boris Johnson chegou a dizer que a solução inicialmente avançada pela primeira-ministra apontava para um “sistema louco”.

Esta sexta-feira, Theresa May conseguiu chegar a acordo com os seus ministros para o que descreve como uma “terceira via” nesta questão, conforme é explicado num comunicado do governo. Nesta versão, o Reino Unido propõe-se a aplicar tarifas comerciais sobre um bem mas posteriormente devolver a quantia cobrada à UE se os bens fossem destinados a um dos 27 países que vão permanecer na comunidade europeia após o Brexit.

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As medidas aprovadas incluem também:

  • Acordos para troca de serviços, incluindo produtos financeiros, com uma “maior flexibilidade regulatória” e também “acordos fortes e recíprocos”;
  • Fim da liberdade de movimentos, mas não ao ponto de impedir que britânicos e cidadãos da UE que se desloquem à outra parte para trabalhar ou estudar;
  • O Tribunal Europeu de Justiça vai deixar de poder tomar decisões no Reino Unido;
  • Obter um acordo com para a saída do Reino Unido com a UE em outubro e consumar a separação das duas partes na data prevista, ou seja, a 29 de março de 2019.