Nos dias que antecederam a invasão de Alcochete, a 15 de maio, foi tudo combinado por mensagens trocadas através do serviço de comunicações encriptadas WhatsApp. O Correio da Manhã revela algumas das comunicações trocadas entre os elementos da claque Juve Leo na preparação do ataque aos jogadores e à equipa técnica do Sporting e que deixam claro que a intenção era mesmo agredir alvos identificados. “Nunca mais se levantam”, diz um desses elementos.
O Ministério Público chama-lhe um ato terrorista. É por esse crime, entre outros, que 36 dos 43 suspeitos de terem estado em Alcochete estão a ser investigados pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa. As mensagens trocadas ilustram a intenção do grupo.
Batam neles PF”, diz uma das mensagens reveladas pelo diário. “Que vergonha f* vamos bater neles?”, pergunta outro dos adeptos. “Filhos de uma grande p* por mim era ir ao treino” e “bora vamos lá… tudo a levar nos cornos”, lê-se noutras mensagens.
Nove detidos no caso das agressões na Academia do Sporting em Alcochete
Os elementos ouvidos pelo Ministério Público, os poucos que optaram por quebrar o silêncio, têm sustentado a sua defesa na ideia de que a intenção da ida a Alcochete nunca passou por agredir jogadores ou equipa técnica. Iam apenas para “conversar”, alegam. Mas as trocas de mensagens sugerem outra pré-disposição. “Vão levar no focinho”, dizem os adeptos.
Malta o melhor é academia!!! Chegar carregar no treino e acabou… Invadimos aquilo”, refere uma das passagens apanhadas pela investigação nos telemóveis apreendidos aos elementos da Juve Leo.
O ataque tinha de ser rápido e era preciso que a logística estivesse toda acertada previamente para que fosse apenas entrar, chegar aos destinatários, “carregar” e sair sem dar tempo para que as autoridades pudessem chegar ao local. “Bora, amanhã tou lá !!! Só quero saber horas”, diz um dos agressores. “Aquilo são 2/3 seguranças na porta não nos conseguem travar… Quando a polícia chegar já nós fomos embora… Não se pode dizer é a ninguém, senão já se sabe que com os chibos que há em Alvalade chegas lá é só bófia”, refere outra das mensagens.
Mas os adeptos não se limitaram a discutir a logística. Multiplicam-se as críticas aos jogadores e ao treinador. Há até quem reclame a sua cabeça. “Comecem já a ver com quem ficam. JJ é meu”, define Samuel Teixeira, um dos adeptos detidos pelas autoridades. Depois, distribui outros alvos: “Mini Capo com o Podence. Mathieu é para o Guerra. Bruno César é para o Paulo. Moita é o Rúben Ribeiro.”
Esta terça-feira foram detidos mais nove elementos da Juve Leo suspeitos de terem participado nas agressões de Alcochete. São já 36 os arguidos, um total de 43 que o Ministério Público identificou como tendo participado na invasão do centro de estágios do Sporting.