O Festival de Velocidade de Goodwood, Inglaterra, reúne o que de melhor se faz na indústria automóvel. Com ênfase na velocidade, é certo, mas igualmente nas novas tecnologias. Goodwood é, goste-se ou não, um evento que tem lugar por direito próprio no calendário anual. Este ano, entre as muitas novidades, havia uma que misturava o velho com o novo, um cocktail que, tradicionalmente, não é sempre garantia de sucesso.

Entre os veículos à partida da rampa com 1,86 km e apenas nove curvas – cujo recorde pertence ao F1 da McLaren (41,6 segundos), conduzido em 1999 por Nick Heifield – havia um que prometia surpreender os espectadores. Tratava-se de um Ford Mustang de 1965, que a Universidade de Cranfield e a Siemens equiparam com um sistema autónomo, que prometia conseguir levar o carro através das nove curvas sem encalhar em nenhuma e muito menos nos fardos de palha que ladeiam o curto percurso. Ora, foi precisamente aqui que a coisa correu mal…

Logo na primeira recta, após a partida, o Mustang revelou-se um “cavalo” difícil de domar, pois apesar da baixa velocidade (40 km/h no máximo) conseguiu achar uma dúzia de curvas na recta inicial, pois percorreu-a aos esses como se tivesse abusado do whisky local. A chegada da primeira curva coincidiu com um acesso súbito de apetite do ‘animal’, que se atirou aos fardos de palha como um verdadeiro Mustang depois de dias sem comer. Valeu-lhe na altura o técnico que ia ao volante, que anunciou que não iria intervir a menos que fosse absolutamente necessário. E foi. Foi na primeira curva e nas restantes, pois para o Mustang da universidade até as rectas lhe fizeram confusão.

Depois de terem demonstrado todo o seu potencial tecnológico em tão sofrível demonstração, ficámos com a certeza que não só a Siemens vai ter de se empenhar para encontrar clientes que acreditem nos seus automatismos, como a faculdade, especializada em ciências, terá óbvias dificuldades em encontrar estudantes que ali queiram apreender como… não se faz!

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