É inevitável, quando ler este título vai abrir o Google para tirar a limpo se é mesmo assim. Já está? Confirmou, não é verdade? Quando escreve a palavra “idiota” no Google Images, a esmagadora maioria dos resultados é a imagem do presidente norte-americano Donald Trump. Não é acaso, é uma ação concertada de protesto que mexeu com o algoritmo do google e que começou noutra manifestação virtual, que voltou a pôr no top uma música dos Green Day com 14 anos.
A história começa na visita de Trump ao Reino Unido e num protesto original promovido pelos britânicos que usam o Youtube ou o Spotify: colocar de novo no top das mais ouvidas/vistas o “American Idiot”. Não chegou a número 1, mas entrou para o top das 20 mais ouvidas no top do Reino Unido.
Daqui nasceu outra ideia: fazer com que uma pesquisa no Google por “idiota” resulte em várias imagens de Donald Trump. Como? Google bombing, ou seja, a manipulação do algoritmo através da multiplicação de artigos publicados com a palavra “idiota” e fotografias de Donald Trump. Numa pesquisa no Google, o resultado apresentado pelo motor de busca não depende só da existência desse conteúdo na página apresentada, mas também do número de sites que estão relacionados com o tal conteúdo pesquisado.
As redes sociais fizeram o seu papel de divulgação desta associação de ideias, sobretudo através das votações de utilizadores do Reddit em fotografias de Trump com a palavra “idiot” associada. Depois de lançada esta espécie de campanha, é uma bola de neve imparável para o algoritmo do Google e para a qual contribuem também artigos online da comunicação social — como este que está a ler — sobre este mesmo acontecimento. As referências multiplicam-se e isso tem um impacto imediato nas respostas do Google, como se pode ver nesta imagem retirada da pesquisa no motor de busca experimentada pelo Observador no momento em que este texto foi editado:
O The Guardian lembra as explicações que a Google tem dado sobre outros casos deste género no passado, empurrando a responsabilidade para o algoritmo. “A classificação de um site na pesquisa do Google deve-se sobretudo ao algoritmo, que usa milhares de fatores para calcular a relevância de uma página numa dada pesquisa”. Resulta com “idiot”, em inglês, mas se experimentar escrever “idiota”, em português, também já começam a aparecer alguns resultados semelhantes (nada que se compare com o resultado em inglês, claro), precisamente porque a associação entre as duas ideias está disseminada neste momento.
Não é a primeira vez que acontece um Google Bombing com um presidente norte-americano. A primeira vítima do género que se conheceu foi George W. Bush, em 2004. Nessa altura, quando se pesquisava no Google por “miserable failure [fracasso miserável]”, o primeiro resultado que aparecia era a biografia oficial do então presidente dos EUA, na página da Casa Branca. Em 2007, a Google apertou a malha a este tipo de ação, através de uma revisão do algoritmo. Mas o meio virtual rapidamente arranjou forma de o contornar e continuar a conseguir manipular os resultados das pesquisas. Esta ação virtual anti-Trump é a mais recente prova disso.