“Obviamente, a União Europeia e os Estados Unidos da América adoram-se“. Donald Trump não resistiu e, depois da reunião com Jean-Claude Juncker que ditou um princípio de acordo sobre o conflito comercial entre Washington e Bruxelas, escreveu uma série de tweets, entre os quais um com a fotografia de um beijo que Juncker lhe deu na Casa Branca (é habitual os homens cumprimentarem-se com um beijo em países como o Luxemburgo). As duas frentes do conflito afinal já se “adoram”, segundo Trump, que há uma semana na Escócia chamava “inimigo à União Europeia”.

Ao todo foram seis os tweets sobre o acordo com Juncker que o presidente dos EUA escreveu na rede social a que recorre com frequência. Trump diz ter sentido um ambiente “caloroso” na sala onde se reuniu com o presidente da Comissão Europeia e onde ambos chegaram a um acordo sobre as taxas alfandegárias. Foi tudo muito rápido e a conferência de imprensa anunciada de surpresa, depois de apenas duas horas de reunião entre os dois líderes políticos. Para trás ficam declarações de guerra bem recentes, como a que Trump fez ainda há uma semana, numa entrevista à CBS, referindo-se à União Europeia como “um inimigo” pelo que fazia com os Estados Unidos precisamente neste capítulo do comércio, onde agora já se pode ler a palavra “amor”.

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Donald Trump admite alterar taxas alfandegárias depois de reunião com Juncker

“Foi uma ótima reunião”, descreveu Trump, referindo-se ao “forte entendimento” que considera ter saído da reunião onde diz ter havido “calor e sentimento”. Tanto que “rapidamente” se deu “um avanço” que “ninguém achava possível”. “É ótimo que a relação com a União Europeia esteja outra vez sobre rodas”, conclui Trump num outro tweet: “Foi um grande dia para um comércio livre e justo”.

As relações comerciais entre os dois países estavam tensas devido às taxas alfandegárias impostas por Washington às importações de aço e alumínio (que contou com retaliação da parte europeia), mas também devido à ameaça do presidente norte-americano de aplicar uma taxa que poderia chegar a 20% sobre as importações de carros e componentes, caso a União Europeia não eliminasse as taxas e barreiras que coloca às empresas norte-americanas.

A guerra parecer te acabado — pelo menos por agora — em amor, embora não tanto como Trump poderia ter pensado, a julgar pelo momento sublinhado por uma repórter do Politico, também no Twitter. Depois da conferência de imprensa conjunta, Trump tenta amparar Juncker a subir três degraus, mas o presidente da Comissão Europeia — que ainda recentemente aceitou a ajuda do primeiro-ministro português durante uma “uma crise particularmente dolorosa de ciática”– rejeita-lhe a mão.