“Uma mulher encantadora”, com “sentido de humor” e que só nos últimos anos de carreira conseguiu ter o “reconhecimento que merecia”. Amiga, mentora e uma mulher com muito talento, são estas as palavras utilizadas para descrever a fadista pelos muitos amigos que Celeste Rodrigues tinha, não só no mundo do fado, como fora dele, após a sua morte, aos 95 anos.
Carlos do Carmo
Fadista
“Uns dias”, em Nova Iorque, que foram “uma bela lição de vida” — é esta a memória que Carlos do Carmo escolheu destacar ao Observador sobre Celeste Rodrigues. Tudo aconteceu “há poucos meses”, quando os dois foram convidados a actuar na Town Hall da cidade norte-americana. O fadista já há conhecia “há muitos, muitos anos”, não se recorda ao certo quando se cruzaram pela primeira vez, mas afirma que é impossível esquecer uma pessoa como Celeste.
“Dada a idade que tinha, ela apresentava uma lucidez, uma visão e um modo de olhar a vida muito particular”, explica. Durante esse tempo que passaram em conjunto, Carlos do Carmo, a mulher, Celeste, a sua filha e neto, passaram muito tempo juntos. Entre inúmeras conversas partilhadas, destaca a “lição” que a fadista lhe deu a ele e à mulher, isto porque ambos, segundo o próprio, “já não vão para crianças”: “Ela disse-nos assim: ‘Atenção, eu todos os dias levanto-me e vou para a rua! Não se pode estar em casa, é preciso viver! Eu saio e há pessoas que me cumprimentam, às vezes entro numa loja, vejo umas montras… estou viva, é preciso é estar vivo!'”
Outra curiosidade que revelou ao Observador nasceu de uma conversa entre Celeste e a filha. Estavam todos nos camarins quando a fadista, de repente, usa uma série de palavras em alemão. A filha, estupefacta, disse “Mas a mãe não fala alemão!”. Celeste Rodrigues foi rápida a ripostar: “Não falo alemão?!”, e atirou uma série de frases na linguagem germânica, para espanto de todos. “Isto mostra que era uma pessoa muito discreta, que não se punha em bicos dos pés”, rematou Carlos do Carmo.
“Quero expressar este apreço tão grande tão grande que senti por ela. Quem fala, age e pensa assim é um mestre. Ela era um mestre da vida”, terminou.
Camané
Fadista
“Eu conheci a Celeste na Parreirinha de Alfama, há uns 40 anos”, recorda Camané ao Observador. O fadista recorda essa noite em que foi com os pais “ao fado” e explica que logo nesse dia ela o marcou. “Sinto que a conheço desde sempre”, explica, referindo também que é muito próximo do neto, Diogo Varela Silva. Aliás, a última vez que viu a intérprete portuguesa foi precisamente na casa de Varela Silva, numa festa que “costuma fazer todos os anos na altura dos Santos Populares”, uma “sardinhada”. Recorda que Celeste estava cansada — “também já era tarde” — mas que nem por isso deixou de conviver com os “imensos fadistas e músicos” que estavam presentes.
Na grande homenagem realizada no Teatro São Luiz, em Lisboa, Camané teve oportunidade de cantar com Celeste, a única vez que tal aconteceu. “Cantámos a ‘Praia de Outono'”, revela, afirmando também que esta canção, que faz parte do seu “repertório lindíssimo”, é uma das suas favoritas e é das que mais o “impressionou”. Sobre a recente ligação a Madonna, Camané diz que é natural que essa proximidade lhe tenha gerado “imenso mediatismo”, mas não é isso que resume a sua carreira. “A Celeste foi sempre reconhecida por todos, sempre se falou nela, sempre fez o seu caminho”, disse.
Na memória do fadista ficará a imagem de uma mulher “extremamente inteligente”, que “aprendeu sozinha” a sua arte, que era uma autêntica poliglota — “até falava um bocado de sueco!”, diz Camané –, que tinha uma “sensibilidade muito grande” e, acima de tudo, que “cantava super bem”.
Sobre o facto de conviver sempre com a sombra da irmã, Camané explica que isso nunca causou qualquer problema a esta mulher que “tinha um gosto pela vida fora do normal”. “Tinha uma alegria de viver tremenda, nada a afetava”, e a carreira e consequente fama da irmã, Amália Rodrigues, nunca foi qualquer incómodo. “Ela fez o seu caminho, o seu percurso, com grande qualidade — porque é preciso ser-se muito talentoso para que, sendo irmã da Amália, se conseguisse construir um rumo próprio no mundo do fado. Ela conseguiu.”
Carminho
Fadista
Carminho e Celeste Rodrigues conheceram-se quando a primeira tinha 12 anos. Foi com essa idade que Carminho acompanhou a família no regresso a Lisboa, depois de terem vivido uma década no Algarve. Chegada a Lisboa, a família tornou-se dona d’A Taverna do Embuçado, casa de fados de Alfama que tinha pertencido a João Ferreira Rosa. Celeste Rodrigues era uma figura muito presente nessa casa, cantou lá anos a fio.
Ainda pequena, Carminho passou algumas noites, as “que a mãe deixava”, na casa de fados e “ficava sentada na mesa dela [Celeste Rodrigues] e da Beatriz da Conceição”. Há uma frase de Celeste Rodrigues, dita mais recentemente, de que Carminho não se esquece: “Dizia muito: eu durmo três ou quatro horas por noite porque não quero perder tempo de vida a dormir. Tinha uma energia positiva, de quem quer muito viver. E manteve-a até ao fim”.
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A fadista era “uma pessoa muito doce, muito carinhosa, que ficava muito em silêncio. Era muito discreta, aparentava até alguma timidez, mas era muito sábia e quando se sentia à vontade partilhava muita coisas”, diz Carminho. “Sempre deu muito aos outros da sua sabedoria, das suas memórias. Além da pessoa que era, deixa muitas saudades também por ser essa referência, essa partilha que é o que nós faz aprender mais sobre fado. Porque não há uma verdadeira escola de fado, é assim que se aprende sobre ele”.
“A forma que ela tinha de ensinar era tão forte que às vezes nem era preciso nós perguntarmos alguma coisa”, acrescenta Carminho. “Ela ficava mais num lugar de observadora nas casas de fados. Não impunha a sua opinião mas se lhe a perguntassem dava sempre uma opinião sincera. Nem sempre era fácil de ouvir, porque ela era sempre, sempre sincera, mas era muito doce e tinha uma postura muito serena nesses espaços”.
“Lembro-me também de várias conversas que ela tinha connosco sobre a altura em que vivia nas Beiras, das cantigas que a mãe fazia”, conta Carminho. Um dia, a fadista quis perguntar a Celeste Rodrigues se podia gravar “Cabeça de Vento”, um fado que a irmã de Amália Rodrigues “cantava sempre”. “E conversámos sobre isso, sobre a altura em que ela cantava mais vezes esse fado…”
Carminho e Celeste Rodrigues foram mantendo o contacto nos últimos anos. Encontravam-se em casas de fados e não só: “Via-a no Pátio de Santana, porque ela morava lá perto e cantava lá. Depois, mais tarde, na Mesa de Frades e nos arraiais que o neto dela, Diogo [Diogo Varela Silva], fazia nos Santos Populares, com noites de fado em que se juntavam muitos guitarristas e muitos fadistas”. A família, acrescenta, apresentava-se sempre “muito unida, estavam sempre juntos. Via-se que ela tinha um orgulho imenso pelo bisneto que toca guitarra portuguesa [Gaspar Varela], pelo neto que fez um documentário e que tentou sempre dignificar a história que ela tem no fado. E muito bem, porque intérpretes destes é que fizeram a história do fado”.
A última vez que Carminho viu Celeste Rodrigues foi há perto de um mês, na Mesa de Frades. “O meu irmão cantava lá às quartas-feiras. A Celeste gostou sempre muito de ir lá mas recentemente chegou a ter um dia fixo e passou a cantar também nesse dia, quarta-feira, uma vez por semana. Até nisso ela era generosa: apesar dos concertos e de ter o prestígio e a importância que tinha, foi sempre de uma humildade muito grande. Assumir um dia por semana numa casa de fados aos 95 anos é de uma enorme humildade e generosidade”. Como é que se explica uma decisão dessas? “Ela gostava muito de cantar, no sentido vital do termo. Como um verdadeiro fadista precisa.”
David Ferreira
Radialista e antigo diretor-geral da EMI e Valentim de Carvalho
“Era uma ótima fadista e era uma senhora encantadora. Tenho pena de ver partir mas não deixa de ser uma partida gloriosa”, foram estas as palavras de David Ferreira, o filho do poeta David Mourão Ferreira, que conhecia Celeste Rodrigues desde os 15 anos e que a descreve como uma “mulher encantadora e uma artista sem postiços que nunca se serviu do nome da irmã para nada”.
Ao Observador, o também especialista em fado, recordou o último espetáculo da artista — “bom artisticamente e com muito humor” — a que assistiu, no mês de maio. “A certa altura um dos seus convidados, o Jorge Fernando, confessou a paixão que tinha por ela”, contou, e, depois de muitos aplausos e risos, quando já se fazia silêncio, Celeste Rodrigues disse: “Mas olhe que eu tenho muitos [admiradores]”, arrancando da plateia múltiplas gargalhadas.
[Um vídeo de homenagem a Celeste Rodrigues, feito pelo realizador Bruno de Almeida:]
Das entrevistas que lhe fez no programa de rádio “David Ferreira a Contar… Consigo”, lembra um história que Celeste Rodrigues contou sobre o bisneto. “Ele disse-lhe que um dia gostava de a acompanhar e ela respondeu-lhe: “Quando souberes tocar guitarra já não vou estar cá. Vou fazer uma viagem””. O bisneto respondeu que esperava que ela regressasse dessa viagem.”Já estou com saudades”, rematou David Ferreira.
Jorge Fernando
Músico e compositor
Muito próximo de Celeste Rodrigues, Jorge Fernandes, de 61 anos, conheceu a irmã de Amália há perto de quatro décadas. “Foi quando comecei a tocar. Cresceu logo uma amizade forte, comecei a conviver muito com ela, porque era uma mulher com quem se criava facilmente uma paixão. Não no sentido habitual do termo, mas paixão como ser humano. A inteligência, tolerância e vontade que ela tinha de viver, que era tremenda, eram apaixonantes”.
“É uma daquelas pessoas que temos pena que não sejam eternas”, refere Jorge Fernando. Neste momento, diz, “ainda é muito difícil cortar os laços, lidar com a ausência” da fadista, mas há que “celebrar a vida fantástica, plena, que ela levou”. O músico lembra que, até aos 85 anos, era habitual às 2h e 3h da manhã os mais novos do meio do fado quererem ir para casa, mas “ela queria ir para algum lado mais”. Chegava a acontecer Celeste Rodrigues chegar a casa “às 3h e às 6h da manhã já estar a tomar o pequeno-almoço na leitaria que tinha perto de sua casa”.
A vida foi dedicada ao fado e à canção. Segundo Jorge Fernando, cantar “era uma das coisas que mantinha a Celeste viva”. Embora de há “um tempo para cá” não o pudesse fazer com a pompa de outrora, porque cantar de pé durante um concerto inteiro tornou-se mais difícil nos últimos anos, Jorge Fernando recorda-se de noites recentes na Casa de Linhares, perto de Alfama, em que a fadista “sentava-se numa cadeira e cantava. Era mesmo o foco da vida dela. E gostava de cantar sem grande preparação e sem grandes ensaios, porque adorava a espontaneidade das coisas”.
“É muito difícil.. a lucidez imprópria da idade que já tinha, a inteligência com que explicava qualquer ideia, qualquer conselho, é difícil de descrever. A Celeste vivia só o lado positivo da vida. Estava aqui para viver, para ser feliz e para deixar os outros felizes. O lado triste só aparecia quando cantava, porque basicamente era aí que aparecia um lado a que ela tentava fugir na vida. Só o reencontrava a cantar”.
Até há “perto de duas semanas”, Celeste Rodrigues manteve-se com uma lucidez impressionante “Era uma pessoa que abria a boca e nós ficávamos: ah, é isso mesmo”. Nos últimos dias perdeu-a e, quando esta terça-feira Jorge Fernando ouviu os médicos dizerem que a situação era irreversível, foi para casa no seu carro a ouvir o tema “Faz-me Pena”, que Celeste Rodrigues cantava e que tem uma letra escrita pela irmã Amália. Cheguei ao fim / mas se alguém gosta de mim / algo de mim sobrevive. “E é mesmo isso. Ela vai sobreviver em muita gente”, remata o músico.
Rui Vieira Nery
Musicólogo e especialista em fado
“Cantou até ao fim e com uma maturidade impressionante”, disse o músico Rui Vieira Nery, que recorda a fadista como “uma mulher com muito talento e com um estilo muito pessoal”. Ao Observador disse que Celeste Rodrigues não teve, durante muito tempo, “o reconhecimento que merecia porque era um pouco esmagada pela fama da irmã” — um reconhecimento que, nos últimos 20 anos acabou por lhe chegar. Amiga, mentora e “uma mulher muito querida dos homens fadistas a quem eles pediam muitos conselhos”, foram estas as palavras utilizadas pelo grande admirador da fadista.
Mariza
Fadista
Nas redes sociais, Mariza já deixou uma mensagem a propósito da morte de Celeste Rodrigues, tendo acompanhado o texto com uma fotografia das duas. “Hoje deixou este lado da vida uma das mais geniais artistas que a Terra conheceu. Até sempre querida Celeste”, escreveu a cantora.
https://www.facebook.com/marizaoficial/photos/a.273306819578.180498.183793804578/10156608607369579/?type=3&theater
Elsa Laboreiro
Diretora artística do Café Luso
“Ela cantava sempre com o xaile e usava uma pregadeira muito bonita. Na hora de ir embora, tirava o xaile e dava-mo sempre a mim. Dizia que eu era a única que sabia dobrá-lo como deve ser”, este é um dos momentos que a diretora artística do Café Luso — onde Celeste Rodrigues atuou durante 15 anos — recorda com a fadista.
Elsa Laboreiro afirma que a artista era “uma pessoa muito genuína, ótima conversadora, inteligente e culta”, que falava com todos aqueles que a rodeavam — fossem portugueses ou estrangeiros — e que nunca dizia não a uma fotografia, “mesmo quando estava muito cansada”. Recordou ainda pequenos episódios, como uma viagem que fizeram aos Açores, onde a artista mostrava a sua enorme genuinidade: “Nessa altura ela já não fumava, mas passou o voo todo a fazer rolinhos e a fingir que fumava um cigarro e ria-se, ria-se”.
Quando chegava ao café dizia sempre “Olá, meus queridos” e quando ia embora ia pelo seu próprio pé, sem a ajuda de ninguém: “Não, não preciso de ajuda, tenho de sentir que sou capaz sozinha”, dizia. Minutos antes de subir ao palco, assim que a avisavam, lá ia ela “retocar o seu batonzinho, isso era certo”, contou.
Ao Observador recordou ainda uma frase marcante de Celeste Rodrigues: “Olhem dormi muito pouco, acordei a meio da noite e fiquei a pintar até de manhã. Acordei de repente e pensei: estou viva porque estou acordada”
“Cantou maravilhosamente até ao fim, com a diferença natural de quem tem 95 anos, mas sempre com uma voz maravilhosa. Na verdade, era uma senhora com 95 anos que não tinha 95 anos. Tinha um intelecto fantástico e era brilhante”, acrescentou.
Pintor Roberto Chichorro
Pintor e responsável pela única exposição de quadros pintados por Celeste Rodrigues
O pintor moçambicano Roberto Chichorro, a quem Celeste Rodrigues chamava “mestre”, criou “uma relação de amizade” com a fadista depois de ter organizado “a primeira e última — infelizmente — exposição de pintura”, em julho do ano passado, em Ourém. Recentemente Chichorro esteve com a artista no Alentejo: “Estive com ela a semana passada… já não estava tão bem. Estava bem dentro do possível… Ainda conversámos e rimos, mas, infelizmente, foi pouco tempo”.
Cristina Branco
Cantora
Nas redes sociais, a cantora Cristina Branco deixou a sua homenagem a Celeste Rodrigues. “De si aprendemos muito mais além da profundidade do fado, aprendemos que a vida é para ser vivida até ao âmago”, escreveu Cristina Branco.
https://www.facebook.com/CristinaBrancoOficial/photos/a.570277343037759.1073741826.138924642839700/1889346374464176/?type=3&theater
Katia Guerreiro
Fadista
A fadista Katia Guerreiro deixou também uma homenagem sentida a Celeste Rodrigues. “Gosto tanto de si e estou triste porque já não vou poder continuar a ouvir o seu riso divertido e as suas histórias de vida. Obrigada pela sua grande amizade e por me ter acarinhado tanto”, apontou.
https://www.facebook.com/katiaguerreiro.official/photos/a.642058959148527.1073741837.291396547548105/2122509711103437/?type=3
Hélder Moutinho
Fadista e poeta
“Perdeu-se fisicamente mas o que nos ensinou fica para sempre”, disse o fadista Hélder Moutinho a propósito da morte de Celeste Rodrigues a quem ele e os da sua geração chamavam de “avó”. “As pessoas da geração de 70 chamavam-lhe tia Celeste, os da minha geração chamavam-lhe avó. Era uma família que ia aumentando”, relembrou.
Conheceu a irmã de Amália Rodrigues em 1999 e trabalhou com ela tanto em casas de fado, como em espectáculos por todo o mundo. Desses tempos, recorda um episódio em particular que aconteceu em Atenas e que mostra a pessoa “cheia de energia” que era. Ao fim de uma semana a fazerem duas atuações de uma hora e meia, por dia, num clube de jazz, o dono pediu-lhes que fizessem mais uma. “Quando lhe perguntámos se podia ser, porque ela já tinha 87 anos nessa altura, a resposta dela foi: “Eu fazia mais duas ou três se fosse preciso”.”
“Recordo-me por exemplo de quando ela ia ao norte dar espectáculos e nunca queria lá dormir. Depois chegava a Lisboa e eu perguntava-lhe se queria ir à Mesa do Saraiva beber um copo ou se era melhor ir para casa descansar”. A resposta, disse, era sempre a mesma: “Sim, quero ir. Descansar posso descansar quando morrer”.
Sobre o último espectáculo em que esteve em palco com a fadista, diz que foi “uma homenagem fantástica”. Homenagem que estaria de regresso no próximo ano e que “se calhar” vai continuar a estar, ainda que Celeste Rodrigues só esteja “espiritualmente”. “Ensinou-nos muito a todos nós e quero agradecer à Celeste pela presença dela no mundo, na vida, porque, de facto, foi uma pessoa de uma generosidade tremenda”, rematou Hélder Moutinho.
(em atualização)