As associações do setor do alojamento turístico em Portugal desvalorizam o impacto da “falta de bom tempo” nos meses de junho e julho, manifestando a expectativa de um verão prolongado até finais de outubro.
“As condições climatéricas num país solarengo como o nosso, obviamente, afetam sempre. Felizmente, para já quanto muito estão a afetar o crescimento, ou seja, não estamos a crescer tanto como expectável, mas não estamos a perder valor em relação ao ano anterior”, declarou à agência Lusa Joaquim Ribeiro, vice-presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
Já o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), Eduardo Miranda, disse que “não há nenhum sinal de que estas alterações de clima e este verão ‘sui generis’ ou pouco comum estejam a afetar” a atividade da acomodação turística.
De acordo com Eduardo Miranda, nos destinos de verão, associados às férias na praia e que representam dois terços do alojamento local em Portugal, as reservas são marcadas com antecedência, são estadias mais longas e a maioria dos estabelecimentos não permite o cancelamento à última hora com direito a reembolso.
Para o representante do alojamento local, a quebra que se pode estar a verificar na procura de alguns destinos nacionais, nomeadamente o Algarve, mas que “ainda não é relevante”, pode estar relacionada com o aumento da procura de outros destinos turísticos internacionais, como é o caso da Turquia e do Egipto, e não com a instabilidade do clima em Portugal.
“As taxas de descida são tão marginais que, praticamente, estamos com números idênticos aos do ano passado”, avançou o responsável da AHRESP, indicando que os “ligeiros decréscimos” registados em algumas regiões, nomeadamente o Norte e o Algarve, devido à “falta de bom tempo ou falta de verão”, estão diretamente relacionadas com o turismo interno e não com externo.
Na perspetiva de Joaquim Ribeiro, o turismo externo “não faz projeções, e mesmo quando há alterações climatéricas, que as temperaturas não são tão elevados, como as férias são marcadas com alguma antecedência, normalmente os turistas não cancelam”, pelo que “cancelamentos do mercado externo são praticamente inexistentes”.
“Se tivéssemos bom tempo, provavelmente teríamos números maiores e teríamos um crescimento até na linha daquilo que tem acontecido nos últimos três, quatro anos, em que tem havido crescimentos de facto espetaculares, agora não tem havido”, afirmou o vice-presidente da AHRESP, explicando que as taxas de crescimento que chegam, em alguns casos, aos dois dígitos em 2017, face a igual período de 2016, “dificilmente vão verificar-se” este ano.
Contudo, a chegada do bom tempo registada nos últimos dias “pode trazer até uma recuperação de crescimento, não só no que diz respeito ao mercado interno, mas aquilo que diz respeito ao mercado externo”, perspetivou o representante da hotelaria em Portugal.
“Se viermos a ter um verão mais largo, que possa ir até finais de outubro, acabamos por recuperar, de alguma forma, o crescimento que esperávamos para este ano, e é essa a expectativa que temos”, avançou Joaquim Ribeiro, considerando que, em termos de turismo nacional, “o bom tempo traz sempre outra movimentação, sobretudo aos fins de semana, os períodos de férias mais curtos”.